Ação da Petrobras cai quase 8% na bolsa de valores; saiba o que está por trás da queda
Cenário de queda no preço do petróleo, com investimentos feitos pela estatal, colocam um ponto de dúvida na cabeça do mercado

As ações da Petrobras foram o destaque negativo da bolsa de valores nesta sexta-feira, 8. Os papéis abriram o pregão de hoje em queda e desde então aprofundam as perdas até o fim da sessão. PETR3, as ações ordinárias da petroleira, desvalorizam quase 8%. As ações preferenciais (PETR4) também caíram bastante: acima de 6%. Há pelo menos duas explicações para esta queda: os resultados financeiros apresentados pela estatal na véspera e o valor de dividendos anunciado e que serão quitados no fim do ano.
As quedas ocorrem na primeira sessão da bolsa de valores após a apresentação desses resultados. O lucro líquido da petroleira foi de 26,7 bilhões de reais. O dado representa reversão de prejuízo de 2,6 bilhões de reais, isso ocorrido no segundo trimestre do ano passado. A empresa também anúncio pagamento de dividendos que superam os 8 bilhões de reais. Os desembolsos serão feitos em novembro e dezembro. Mas o mercado não recebeu bem os dados, levando à empresa a registrar quedas exponenciais no pregão que fecha a semana.
Análises sobre Petrobras
O relatório do Itaú BBA distribuído após os resultados dão um tom do que o mercado viu de ruim. De acordo com o banco de investimentos, os resultados foram mantidos, mas os dividendos decepcionaram. “Dividendos ordinários de 1,6 bilhão de dólares (2,1% de dividend yield), abaixo de nossas estimativas e consenso de 1,9 bilhão de dólares e 2 bilhões, respectivamente”, informa o banco em comunicado.
O EBITDA também chama a atenção. A queda foi de 5% neste segundo trimestre em relação ao período imediatamente anterior. Foi de 10,2 bilhões de dólares agora, havia sido de 10,7 no trimestre anterior. Fabiano Vaz, analista da Nord Investimentos, reforçou que pesa na análise do mercado os dividendos em volume abaixo do esperado.
“Esse dividendo mais baixo refletiu não só o resultado operacional mais fraco, mas também o Capex maior do que o esperado pelo mercado”, indica. Capex significa basicamente o volume de investimento que uma empresa faz de olho em melhorar sua eficiência ou expansão, por exemplo. Nesta linha do balanço, a Petrobras informou ter gastado 25,1 bilhões de reais. O foco foram os projetos envolvendo o pré-sal.
Vale lembrar: investimento maior, significa pressão no caixa. Por sua vez, caixa pressionado pode significar menos dividendos. Pesa também a confirmação do que o mercado já sabia. A Petrobras vai investir na distribuição, inicialmente com o gás de cozinha. “Um negócio que tende a ser pouco rentável”, completou o analista.
Frederico Nobre, analista da Warren, disse que o volume de investimento pesou, mas lembrou que ele está em linha com o planejado e que esse volume de dinheiro tende a ser maior nos dois primeiro trimestres em relação aos trimestres seguintes. “O ponto de atenção é o GLP (gás de cozinha). A intenção de reentrada no mercado de GLP reacende discussões regulatórias, realocação de capital também, enfim, mas a gente acha que ainda é um valuation atrativo”.
Visão positiva
O BTG Pactual foi por um caminho um pouco diferente. Reconhece que o EBITDA ficou 5% abaixo das expectativas da própria instituição financeira. “Mantemos nossa visão contrária sobre a Petrobras, apoiada por uma série de assimetrias que acreditamos que podem impulsionar uma reclassificação positiva”, informa o banco.
Para o BTG, a Petrobras segue entregando o que promete, mas a margem de manobra se reduz. “A alavancagem aumentou, com a dívida líquida agora em 58,6 bilhões de dólares, reduzindo a flexibilidade financeira. Embora os dividendos permaneçam dentro dos limites da política (definida pela própria empresa), um potencial aumento do investimento em capital pode afetar a visibilidade dos pagamentos”, indica o relatório.
Pior. Para o BTG, com o preço do Brent em torno de 75 dólares o barril, há espaço considerado limitado para pagamentos extraordinário de dividendos. Pelo menos no curto prazo.