A nova frente planejada por Lula para baratear o preço dos alimentos
Governo lança o Desenrola Rural, permitindo que agricultores familiares renegociem suas dívidas com descontos de até 90% e voltem a acessar linhas de crédito

O governo Lula está enfrentando uma crescente perda de popularidade e a inflação é um dos principais motivos que levam à desaprovação do governo. O petista tem procurado uma solução para a alta do preço dos alimentos e depois de ideias mal recebidas como o controle de preço dos alimentos, levantado pelo ministro Rui Costa, além da proposta de estender o prazo de validade dos alimentos, uma medida sugerida pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o governo busca novas soluções, entre elas o lançamento do programa Desenrola Rural.
Inspirado no Desenrola Brasil, que visa reduzir a inadimplência, o Desenrola Rural será focado nos produtores rurais, permitindo que agricultores familiares renegociem suas dívidas com descontos de até 90%. O principal objetivo é reabilitar o acesso ao crédito agrícola para esses produtores, que, sem esse suporte, veem sua produtividade prejudicada. Atualmente, estima-se que 1,3 milhão de agricultores enfrentam dificuldades para obter crédito devido a pendências financeiras.
Essa iniciativa representa uma nova frente do governo para combater a alta dos preços dos alimentos. Com o Desenrola Rural, os agricultores terão a oportunidade de limpar seus nomes na lista de inadimplentes e, assim, obter novos empréstimos a juros reduzidos, voltados para a produção e mecanização agrícola. “Queremos que esses agricultores retomem o acesso ao crédito para que possam produzir alimentos saudáveis e acessíveis para os brasileiros. O crédito agrícola é muito vantajoso. Enquanto a taxa de juros no Brasil está em 13,25%, os empréstimos agrícolas têm taxas de 3% para a produção de alimentos em geral e 2% para alimentos agroecológicos”, explicou Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Paralelamente, o governo estuda outras medidas, como a redução de juros para os produtores rurais, a revisão das tarifas de importação e mudanças nas regras dos vales refeição e alimentação, com o objetivo de aliviar os custos dos consumidores.
A partir de 24 de fevereiro, os produtores poderão verificar sua situação junto às instituições credoras. Aqueles com débitos inscritos na Dívida Ativa da União terão até 30 de maio para aderir ao programa, enquanto os que possuem dívidas vinculadas ao Pronaf têm até 31 de dezembro para regularizar suas pendências.
Embora a alta nos preços dos alimentos não seja um problema exclusivo da atual gestão, ela vem se intensificando desde 2020, com as interrupções causadas pela pandemia, e pelas crises climáticas. Nos últimos cinco anos, os preços da alimentação domiciliar aumentaram 55%, superando significativamente a inflação geral, que foi de 33% no período, de acordo com o Índice de Preço dos Alimentos (IPCA). Em 2024, o índice oficial de inflação acumulou uma alta de 4,83%, ultrapassando o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O grupo alimentação e bebidas foi o maior responsável por essa alta, registrando um aumento de 7,69% no período de 12 meses, o que adicionou 1,63 ponto percentual ao IPCA anual.