4ª edição da ArPa Feira de Arte reflete expansão do mercado de arte no Brasil
Camilla Barella, diretora e fundadora da ArPa Feira de Arte, fala das novidades desta edição e do (bom) momento do setor no Brasil
Com o mercado de arte em expansão, a cidade de São Paulo se despediu da SP-Arte, no último domingo, agora já se prepara para receber a ArPa Feira de Arte no fim do próximo mês. Marcada para acontecer de 28 de maio a 1º de junho de 2025, no Pacaembu, a feira está maior este ano, refletindo o avanço dos negócios do setor que se recupera da pandemia, crescendo uma média de 20% ao ano.
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact) em parceria com a ApexBrasil mostra que o mercado de arte brasileiro movimentou 2,9 bilhões de reais em 2023 — um crescimento de 21% em relação ao ano anterior, impulsionado por fatores como digitalização, profissionalização das galerias e expansão das vendas online, que passaram de 8% em 2018 para 20% em 2023.
O próprio surgimento da ArPa no circuito é prova da ebulição do setor. “São Paulo já era um polo cultural e econômico muito relevante, mas só tinha um grande momento anual para o mercado. A ArPa nasce com essa missão: complementar, ampliar e aprofundar”, diz Camilla Barella, diretora e fundadora da ArPa Feira de Arte. Criada em 2022, a feira se consolidou rapidamente no calendário latino-americano, crescendo em público, vendas e participação internacional.
Expansão dos negócios
As vendas na feira têm crescido de forma consistente. “A gente vê ali que cresce ao mínimo por 20% ao ano essas transações. Tanto nos valores de obras quanto na quantidade de obras que eles comercializam.”
Em 2024, a feira recebeu 13 mil visitantes, número que certamente deve aumentar com a ampliação da área expositiva. Neste ano, além do tradicional espaço do Mercado Pago Hall, no Pacaembu, a feira ocupará também o ginásio poliesportivo recém-restaurado, com o setor UNI, dedicado a projetos solos com curadoria da colombiana Ana Sokoloff.
Curadoria é um dos diferenciais
Um dos diferenciais da feira está na curadoria mais aprofundada. “Realmente é uma feira que você vai ver mais obras de um mesmo artista, como uma mini-exposição individual, que é pensando em trazer essa profundidade”, diz. Para ela, esse formato beneficia tanto colecionadores experientes quanto iniciantes: “Você consegue, às vezes, entender melhor aquele artista, porque vê mais do que uma obra isolada, e o ritmo também é menos frenético.”
A seleção das galerias também segue critérios rigorosos. “A gente quer trazer os agentes, as galerias, que realmente constroem o mercado. A gente faz toda essa pesquisa e convida essas galerias a apresentarem um projeto. Esse projeto é avaliado por um comitê composto por mim, pela diretora Cristina Candeloro e por outros quatro galeristas convidados.”
Nesta edição, o protagonismo feminino está no centro da programação: quase metade das galerias são dirigidas por mulheres e, entre os 83 artistas confirmados, 38 são mulheres ou pessoas não binárias. “O quadro reflete o contexto do mercado, especialmente o brasileiro”, destaca Camilla.
Público e preços variados
Camilla destaca que a ArPa atrai tanto colecionadores experientes quanto um novo público interessado em aprender e conhecer mais sobre arte. E faz questão de ressaltar a missão da feira como comunicadora: divulgar o evento, as galerias participantes e também o próprio ato de colecionar arte — algo que muitas pessoas ainda veem como distante de sua realidade.
Ela dá um exemplo pessoal para mostrar que comprar arte pode ser acessível: no ano passado, até a estagiária da sua equipe comprou uma obra. E. Havia obras de 800 reais e também de 1 milhão de reais — mostrando a diversidade de preços. “Tem as obras únicas as pinturas, coisas históricas que daí chegam a custar 500 mil reais, 800 mil reais, um milhão de reais, assim como você tem obra de 800 reais até 2.000 reais, 5.000 reais 10.000 reais.”