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Após bolsonaristas ‘raiz’, imortal da ABL presidirá Biblioteca Nacional

Escritor Marco Lucchesi recusou medalha no ano passado em protesto contra gestão da instituição, e é conhecido por projetos sociais e domínio de idiomas

Por Amanda Capuano 3 jan 2023, 13h13
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  • O escritor e tradutor Marco Lucchesi, imortal da Academia Brasileira de Letras, será o novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, anunciou a ministra da Cultura, Margareth Menezes. Aos 59 anos, Lucchesi assumirá o lugar de Luiz Carlos Ramiro Junior, no cargo desde março de 2022, que teve uma gestão marcada por conflitos com funcionários e homenagens a bolsonaristas. “Frequento aquela Casa, que amo, desde a adolescência. Respeito seus funcionários. Trabalharemos em conjunto”, escreveu o novo presidente em seu perfil no Twitter.

    Presidente da ABL entre 2011 e 2021, Lucchesi tem uma relação antiga com a Biblioteca Nacional: ele foi editor da revista Poesia Sempre, criada pelo órgão em 1991 para dar espaço a textos até então fora do alcance do público, além de atuar como curador de exposições no local. No ano passado, em julho, foi uma das personalidades que recusaram a medalha da Ordem do Mérito do Livro, em protesto contra a decisão de seu antecessor, Ramiro Júnior, de laurear com a mesma honraria o então deputado federal bolsonarista Daniel Silveira, condenado pelo STF por atentar contra a democracia. Na época, Ramiro Júnior também foi duramente criticado pela Associação dos Servidores da Biblioteca Nacional (ASBN) por entregar a medalha “a um político completamente desvinculado da causa do livro, da leitura e da cultura”.

    Com o currículo extenso na literatura e perfil progressista de Lucchesi, a nomeação marca uma virada em relação aos últimos anos: antes de Ramiro Júnior, conservador que chegou a descrever a pandemia como “uma guerra bio-ideológica” e criticou medidas de isolamento social, a cadeira era ocupada pelo professor Rafael Nogueira, pupilo de Olavo de Carvalho e admirador da monarquia. Em julho, durante uma live, Bolsonaro chegou a dizer, em tom de crítica, que, caso Lula ganhasse a eleição, clubes de tiro virariam bibliotecas.

    Autor de mais de cinquenta livros, incluindo romances, ensaios e poesia, o autor domina cerca de vinte idiomas e tem no currículo traduções de escritores consagrados como Umberto Eco, Boris Pasternak e Primo Levi. Para além do ofício de escritor, sua atuação na literatura é marcada por um forte ativismo social. “Meu compromisso continua firme com as prisões, comunidades, terras quilombas e nações indígenas”, escreveu ele, que comandou projetos de doações de livros em locais marginalizados.

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