O mercado de eSports já é parte do futuro econômico do Brasil
Uma nova era, anunciada há quase 10 anos finalmente chegou. E com ela, a esperança de movimentar parte da geração mais conectada da história do planeta
Lembra quando você, hoje na casa dos 40 anos, que na década de 80 e 90 queria passar quase que a vida toda jogando video game e acreditava que um dia aquilo poderia ser seu ganha pão, sua profissão? Quem é da geração milênio já passou por isso. Mas nunca existiu, de fato, um mercado minimamente viável até o começo da década de 2000. Mas parece que para as gerações Z e Alfa o jogo virou.
A tecnologia avançou, o processamento de dados aumentou, a capacidade de entrega gráfica atingiu níveis quase reais e mais do que isso, criou-se um mercado possível. De acordo com a consultoria Newzoo, a indústria global de games movimentou, em 2021, quase US$ 176 bilhões de dólares. Até 2023 a perspectiva é de que este valor chegue a US$ 200 bilhões de dólares. A maior parte deste valor será de jogos baixados, que podem ser jogados tanto pelo celular e tablets quanto por estações fixas. Aí você pode pensar: “Mas Guto, isso aí são números globais. Aqui no Brasil estamos longe”. Nada disso leitor. A pandemia foi um dos fatores que fez a disparada deste mercado no país chamar ainda mais atenção.
Puxados por jogos como Fortnite, da Epic Games, com mais de 350 milhões de usuários em todo o mundo, entre outros títulos com milhares de adeptos, como FIFA, LOL, CS:GO, NBA, F1 e Rainbow Six, e uma infinidade cada vez maior de times profissionais por todo o Brasil, como INTZ, Pain Gaming, Red Canids, Keyd e Kabum, o país tem se destacado na cena como mercado em crescimento. A recente pesquisa Game Brasil 2021 traz dados interessantes sobre isso:
- 75,8% dos gamers brasileiros afirmaram que jogaram mais durante a pandemia.
- 42,2% afirmaram ter gastado mais dinheiro em games;
- As mulheres são 62,2% do total de jogadores(as) de smartphone enquanto nos consoles, 61,9% são homens;
- Em 2020 a principal faixa etária de jogadores era a de 25 a 34 anos (33,6%). Agora a principal faixa está em 20 a 29 anos (41,1%);
- As mulheres são maioria de jogadores (as) no país, representando 51,5% dos players.
Este último dado é particularmente incrível. O avanço de meninas e mulheres neste campo faz com que a economia de games se fortaleça e se diversifique. A apresentação de diversos novos times de garotas e ligas femininas, como a GRRRLS League, que é a 1a liga feminina de CS:GO do mundo, nascida dentro da Game XP, mostrou a força deste recorte no país. Um fato relevante foi a recente contratação pelo time MIBR, um dos pioneiros, mais tradicionais e vencedores do país, da ex-head de novos negócios do Rock in Rio, Roberta Coelho, para a posição de CEO.
A empresária chega com uma bagagem de visão incrível e promete apresentar boas novidades para o time e para o mercado em 2022. A chegada da nova CEO também dá uma mexida nas estruturas do setor no Brasil, tradicionalmente masculinizado com um comportamento inadequado quanto a participação feminina, sobretudo no online. Postura que vem sendo vencida ano após ano e que agora recebe um reforço de peso para uma evolução do mercado de eSports no Brasil.
Temos a nossa frente um setor em franca expansão, que traz esperança para o futuro de parte da economia brasileira e para uma nova geração inteira, que sofreu com desemprego e incertezas nestes últimos 2 anos. O apoio para consolidar este novo segmento no país irá gerar novas profissões, novos trabalhos, uma ampliação sobre o que é ser um esportista e injetar dinheiro novo em uma economia que precisa entender o futuro para ser relevante. E isso é só o começo. O 5G vem aí e estes números serão atualizados exponencialmente.
Vida longa aos gamers, aos games e ao eSports brazuca.