No ano em que a cultura do cancelamento abateu com virulência de Anitta a J.K. Rowling, a influenciadora digital Gabriela Pugliesi deu uma aula de como se autoimolar nas redes sociais. Bem-sucedida influenciadora do estilo de vida fitness, ela ensinou, aos 34 anos, como fazer tudo errado em tempos de Covid-19. Já entrou na nova realidade com o pé esquerdo: em março, quando surgiam os primeiros casos da doença no Brasil, sua irmã mais nova fez um casamento de arromba em um resort na Bahia. Resultado: pelo menos dez convidados infectados, incluindo Preta Gil, que cantou no casório, e a própria Gabriela. Até aí, nada que chamuscasse sua imagem de maneira fatal, uma vez que a pandemia ainda não era tão palpável no país. Mas um mês depois, quando os brasileiros já enfrentavam o isolamento social e o número de mortos beirava 1 000 pessoas por dia, ela abusou da sorte. Ao transmitir pela internet uma festa privê em sua casa, soltou: “F***-se a vida!”. A repercussão foi devastadora. Gabriela viu seus 4 milhões de seguidores no Instagram se evaporarem e precisou desativar seu perfil, com o qual faturava 200 000 reais por mês. Da noite para o dia, perdeu os contratos com seus dez patrocinadores. Voltou à rede três meses depois, com um vídeo em que pedia desculpas e falava sobre a necessidade de “sair da bolha”. Se conseguirá limpar sua barra, só saberemos no ano que vem.
Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719