O ano de 2025 marca o 20º aniversário do YouTube. Em duas décadas, a plataforma atingiu, segundo dados de pesquisa da Comscore, mais de 120 milhões de usuários mensais no Brasil – e transformou a cultura por meio do vídeo. Hoje é possível observar diferentes fenômenos na plataforma, como: o acesso pela TV – mais de 75 milhões de pessoas acessam pela TV conectada; o crescimento de videocasts – o Brasil é um dos cinco países que mais consome e produz esse modelo de conteúdo no mundo; o aumento das transmissões ao vivo; e até emissoras se formando dentro da plataforma. Manuela Villela, Líder do Ecossistema de Criadores do YouTube Brasil, falou com a coluna GENTE sobre esses movimentos e novas presenças no meio digital, como Frei Gil, e as lives religiosas que arrastam multidões ao longo das madrugadas.

TRABALHO DE CRIAÇÃO. “Os grandes nomes da plataforma são mais do que criadores, agora são gestores de empresas. Pensam em lucro, em novos projetos, em linhas editoriais. O nosso time trabalha ligado ao time dos criadores de conteúdo e a gente percebe cada vez mais a necessidade de não só o nosso trabalho ser em volta da criação de conteúdo, de como melhorar o canal, como crescer a audiência do canal. A gente precisa cada vez mais falar de negócio com eles. Recebemos desde pedidos de ‘preciso contratar um novo profissional de edição’ a ‘procuro um novo coordenador para o meu comercial’. 

NOMES DA TV NA PLATAFORMA. “A gente tenta entender qual é o momento dessa figura pública e qual é o papel do YouTube dentro da jornada de conteúdo, porque a maior parte deles não está deixando o projeto de TV ou não está abandonando outros projetos. O foco, não só da Fátima (Bernanrdes), mas de várias figuras públicas, é encontrar uma nova audiência, que não está mais na TV aberta. E como eles continuam ou como eles criam um novo diálogo com essa audiência, focado na geração Z. Como são pessoas muito conhecidas, muitas vezes vêm com ansiedade, de que vão fazer acontecer no primeiro vídeo”.

EMISSORAS NA INTERNET. “A gente vê modelos orgânicos, de empresas de mídia que nascem no YouTube com todas as características da plataforma; até modelos como o Cazé TV, que acabam através da aquisição de direitos e de parcerias também com nosso time, trazendo um conteúdo novo para a plataforma, que era um conteúdo naturalmente só assistido na TV aberta. E isso abriu diversas portas, um novo modelo de negócios, permitindo que a gente tivesse novos modelos de comercialização de pacotes para o mercado”.

LIVES RELIGIOSOAS. “Temos acompanhado desde o ano passado um crescimento de consumo de vídeos de religião e bem-estar no geral. Tem um canal que é bem clássico, que a gente cita bastante, da Monja Coen, há muitos anos no YouTube fala de saúde mental, bem-estar, traz religiosidade em formatos mais tradicionais. Há pouco tempo a gente começou a ver esse boom das lives, primeiro para responder uma demanda da audiência. E obviamente, como o Frei Gil, tem uma sazonalidade da quaresma para os católicos. É muito interessante que são canais que fazem bastante uso de recursos do YouTube. Por exemplo, tem vários canais que a live não é uma live real oficial, mas eles usam aquele recurso do estreia, produto que lança o vídeo como de fato uma estreia, com um chat ao vivo. A Virgínia Fonseca também compartilha que está assistindo a essas lives às 3, 4 horas da manhã. Então tem um pico de audiência trazida por figuras públicas”.

COMBATE A FAKE NEWS. “São 500 horas de conteúdo que sobem por minuto na plataforma no mundo. Para que a gente consiga filtrar conteúdos adequados para a audiência e também para os anunciantes, há políticas muito específicas de direitos e deveres do criador de conteúdo. A gente tem uma restrição muito grande a conteúdos gráficos violentos, de ódio e punição para criadores ou para essa pessoa que sobe esse tipo de conteúdo. Um exemplo recente: a gente teve um crescimento grande de criadores fazendo anúncios de sites de apostas esportivas, joguinhos… Fizemos uma série de atualização com os criadores sobre jogos de aposta dentro do YouTube. O que pode, o que não pode, o que é empresa certificada, o que não é empresa certificada, como seriam punidos caso não cumprissem essas políticas”. 

NO LUGAR DA TV TRADICIONAL. “Não encaro que sejamos uma substituição. A gente está concorrendo pela hora de qualidade da audiência”. 

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