O que há por trás do investimento de Roberto Justus em imóveis populares
Entrada do empresário nesse mercado causou surpresa
O mercado imobiliário brasileiro vive uma fase singular em 2025. Em meio ao ambiente de juros elevados e crédito restrito, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida se consolidou como o grande motor do setor. Responsável pela maior parte dos lançamentos e vendas residenciais no primeiro trimestre do ano, o programa ganhou fôlego com a criação da nova Faixa Média, que ampliou o acesso a famílias de renda intermediária e ajudou a sustentar a demanda em um período de desaquecimento no mercado tradicional. As condições de financiamento subsidiadas, muitas vezes com juros reais próximos de zero, contrastam com o custo proibitivo das linhas convencionais, reforçando o apelo do programa como única alternativa viável para grande parte da população.
Não por acaso, cresce o número de investidores interessados em trabalhar com o Minha Casa, Minha Vida. O negócio atraiu até o publicitário-apresentador Roberto Justus, nome sempre muito mais associado ao mundo do luxo e da ostentação. À frente da SteelCorp, empresa criada em 2023, o empresário decidiu apostar em habitação social, utilizando tecnologia de steel frame para fabricar casas pré-moldadas em escala industrial. O modelo reduz desperdícios, acelera prazos e se encaixa perfeitamente nas exigências de programas como o Minha Casa, Minha Vida. A nova fábrica inaugurada em Cajamar, em São Paulo, dobrou a capacidade da empresa, que agora projeta entregar até 10 mil casas por ano. Justus, que já firmou parcerias com a CDHU e incorporadoras privadas, mira contratos de larga escala e pretende redirecionar 90% de sua operação para o segmento popular.
O movimento embute um bom cálculo estratégico. As habitações de interesse social são hoje o destino mais seguro e previsível do setor. Trata-se de uma demanda estrutural, pouco afetada por ciclos políticos ou econômicos, e que encontra no Estado um aliado sólido e com bala na agulha para conceder subsídios e incentivos. Ao alinhar sua operação a esse nicho, Justus busca não apenas capturar um mercado em franca expansão, mas também posicionar sua empresa como player relevante em um setor em transformação. A meta declarada de alcançar R$ 1 bilhão em faturamento até 2026 revela a confiança no modelo.
A entrada de empresários com capital e experiência em gestão acelera a profissionalização desse mercado. Fora as líderes MRV e Plano & Plano, boa parte dos competidores são construtoras locais e de médio porte. A industrialização da construção, por meio de sistemas modulares e processos padronizados, pode representar um salto de produtividade, reduzindo custos e tornando o programa ainda mais competitivo. A lógica da escala, defendida por Justus, reforça a ideia de que habitação popular deixou de ser apenas uma política pública e se tornou uma oportunidade de negócios de alta relevância.
Por outro lado, a movimentação também expõe um desafio cultural: a necessidade de superar a resistência do setor a métodos construtivos inovadores. Ainda há desconfiança em relação à durabilidade e ao valor de revenda das casas modulares, embora dados mostrem que o desperdício é menor e a qualidade, mais uniforme. O avanço de empresas que atuam com essa matéria prima, como SteelCorp, Brasil ao Cubo e Tech Verde, indica que essa barreira tende a se dissipar com o tempo. E, se a tendência se confirmar, o Minha Casa, Minha Vida não apenas sustentará o mercado imobiliário, mas também se tornará o palco de uma transformação estrutural na forma de construir no Brasil.
Além da questão técnica, há também o impacto social de iniciativas que combinam escala com eficiência. Ao oferecer moradias a preços mais acessíveis, dentro de padrões de qualidade superior à média do setor, empresas que aderem ao modelo industrializado contribuem diretamente para a redução do déficit habitacional, que ainda ultrapassa hoje os 5 milhões de unidades no país conforme os últimos dados divulgados sobre o assunto, referentes ao ano de 2023. Isso cria um ciclo virtuoso: mais famílias com acesso à casa própria, maior movimentação na economia local e reforço do papel do setor imobiliário como indutor de desenvolvimento.
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