Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS
Imagem Blog

Real Estate

Por Renata Firpo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Grandes negócios e tendências do mercado imobiliário. Renata Firpo é publicitária, consultora imobiliária e advogada pós-graduada em Direito imobiliário

O que há por trás do investimento de Roberto Justus em imóveis populares

Entrada do empresário nesse mercado causou surpresa

Por Renata Firpo
23 set 2025, 10h27

O mercado imobiliário brasileiro vive uma fase singular em 2025. Em meio ao ambiente de juros elevados e crédito restrito, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida se consolidou como o grande motor do setor. Responsável pela maior parte dos lançamentos e vendas residenciais no primeiro trimestre do ano, o programa ganhou fôlego com a criação da nova Faixa Média, que ampliou o acesso a famílias de renda intermediária e ajudou a sustentar a demanda em um período de desaquecimento no mercado tradicional. As condições de financiamento subsidiadas, muitas vezes com juros reais próximos de zero, contrastam com o custo proibitivo das linhas convencionais, reforçando o apelo do programa como única alternativa viável para grande parte da população.

Não por acaso, cresce o número de investidores interessados em trabalhar com o Minha Casa, Minha Vida. O negócio atraiu até o publicitário-apresentador Roberto Justus, nome sempre muito mais associado ao mundo do luxo e da ostentação. À frente da SteelCorp, empresa criada em 2023, o empresário decidiu apostar em habitação social, utilizando tecnologia de steel frame para fabricar casas pré-moldadas em escala industrial. O modelo reduz desperdícios, acelera prazos e se encaixa perfeitamente nas exigências de programas como o Minha Casa, Minha Vida. A nova fábrica inaugurada em Cajamar, em São Paulo, dobrou a capacidade da empresa, que agora projeta entregar até 10 mil casas por ano. Justus, que já firmou parcerias com a CDHU e incorporadoras privadas, mira contratos de larga escala e pretende redirecionar 90% de sua operação para o segmento popular.

O movimento embute um bom cálculo estratégico. As habitações de interesse social são hoje o destino mais seguro e previsível do setor. Trata-se de uma demanda estrutural, pouco afetada por ciclos políticos ou econômicos, e que encontra no Estado um aliado sólido e com bala na agulha para conceder subsídios e incentivos. Ao alinhar sua operação a esse nicho, Justus busca não apenas capturar um mercado em franca expansão, mas também posicionar sua empresa como player relevante em um setor em transformação. A meta declarada de alcançar R$ 1 bilhão em faturamento até 2026 revela a confiança no modelo.

A entrada de empresários com capital e experiência em gestão acelera a profissionalização desse mercado. Fora as líderes MRV e Plano & Plano, boa parte dos competidores são construtoras locais e de médio porte. A industrialização da construção, por meio de sistemas modulares e processos padronizados, pode representar um salto de produtividade, reduzindo custos e tornando o programa ainda mais competitivo. A lógica da escala, defendida por Justus, reforça a ideia de que habitação popular deixou de ser apenas uma política pública e se tornou uma oportunidade de negócios de alta relevância.

Por outro lado, a movimentação também expõe um desafio cultural: a necessidade de superar a resistência do setor a métodos construtivos inovadores. Ainda há desconfiança em relação à durabilidade e ao valor de revenda das casas modulares, embora dados mostrem que o desperdício é menor e a qualidade, mais uniforme. O avanço de empresas que atuam com essa matéria prima, como SteelCorp, Brasil ao Cubo e Tech Verde, indica que essa barreira tende a se dissipar com o tempo. E, se a tendência se confirmar, o Minha Casa, Minha Vida não apenas sustentará o mercado imobiliário, mas também se tornará o palco de uma transformação estrutural na forma de construir no Brasil.

Além da questão técnica, há também o impacto social de iniciativas que combinam escala com eficiência. Ao oferecer moradias a preços mais acessíveis, dentro de padrões de qualidade superior à média do setor, empresas que aderem ao modelo industrializado contribuem diretamente para a redução do déficit habitacional, que ainda ultrapassa hoje os 5 milhões de unidades no país conforme os últimos dados divulgados sobre o assunto, referentes ao ano de 2023. Isso cria um ciclo virtuoso: mais famílias com acesso à casa própria, maior movimentação na economia local e reforço do papel do setor imobiliário como indutor de desenvolvimento.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

O mercado não espera — e você também não pode!
Com a Veja Negócios Digital , você tem acesso imediato às tendências, análises, estratégias e bastidores que movem a economia e os grandes negócios.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.