O homem que criou uma praia dentro de uma das maiores metrópoles do mundo
Piscinas de ondas artificiais viraram um grande atrativo dos novos condomínios de luxo
Oscar Segall tem cinco filhos e um neto, que diz ser o que mais importa na vida dele. Uma das figuras mais emblemáticas do mercado imobiliário do Brasil, não parece ter 60 anos de idade. A paixão com que fala de esporte e dos ambiciosos planos que está desenvolvendo lembra a disposição de um jovem executivo pronto para conquistar o mundo, que é, inclusive, uma das metas do mais novo projeto que ele está liderando.
A trajetória de Oscar Segall sempre envolveu histórias de projetos de inovação e transformação de mercado. Não foi coincidência. O casamento entre o espírito esportista com a formação de publicitário certamente daria frutos criativos e inspiradores. O primeiro dos frutos foi a criação da Klabin Segall, uma incorporadora encabeçada por jovens, conhecida por ser mais humana que exata, diferenciando-se das outras empresas lideradas normalmente por engenheiros bem tradicionais. A Klabin Segall nasceu num Brasil já com o Plano Real estabelecido, longe da atmosfera de insegurança e dos altos impostos que o país enfrentou por anos, ambiente que aterrorizava e quebrava diversas empresas do setor. Essa segurança econômica foi palco para que a nova incorporadora do jovem publicitário pudesse se desenvolver.
O primeiro grande case da empresa foi no bairro da Barra Funda, na capital paulista. No ano 2000, a Klabin Segall enxergou no bairro um potencial que ninguém via. Uma região esquecida no mapa por muitos anos, que tem uma localização híbrida, por estar entre a zona oeste e a zona norte, mas também próxima ao centro, não enchia os olhos dos investidores do mercado imobiliário. Apostando na intuição, a Klabin Segall, lançou um condomínio com 400 unidades e foi um sucesso absoluto, mudando o bairro por completo para sempre.
Esse sucesso levou a incorporadora a apostar em outra região ainda mais desacreditada pelo mercado. Já mirando fora de São Paulo, eles apostaram no bairro da Lapa, na capital do Rio de Janeiro. No início dos anos 2000, a área era um lugar completamente inóspito, conhecido como um bairro de drogas e mendicância. Era um lugar tão improvável para se desenvolver um empreendimento imobiliário que a incorporadora não encontrou nenhum parceiro para investir no projeto. Precisou que uma empresa canadense entrasse junto na ideia. Os estrangeiros não poderiam ter escolhido sócio melhor no Brasil. Em apenas uma hora e meia todas as 688 unidades do empreendimento foram vendidas e a Lapa se tornou um dos bairros mais desejados da capital fluminense.
Um outro empreendimento icônico e à frente do seu tempo é o condomínio Seridó, no Jardim Europa, bairro mais nobre de São Paulo. Nunca a cidade havia visto um projeto com tantas torres e unidades ser lançado para o público de alto padrão, acostumado a edifícios mais exclusivos. Mais uma vez, a visão inovadora da Klabin Segall mostrou estar certa. Hoje quem quiser morar no endereço precisa desembolsar, no mínimo, 23 milhões de reais.
UMA PISCINA DE 1 BILHÃO DE REAIS
Com um portifólio recheado de sucessos, a empresa, que antes não encontrava ninguém para investir nos projetos, começou a ter diversas propostas de compra e, em 2009, a Klabin Segall foi vendida. Oscar Segall poderia ter pego o dinheiro, sua prancha de surf, seus cinco filhos e viver tranquilamente, sem preocupações, mas preferiu levar a prancha e se mudar para Miami, onde viveu por alguns anos. Em vez de se dedicar exclusivamente às ondas das belas praias da Flórida, resolveu empreender por lá. Foi em Miami que ele teve uma nova experiência de trabalho, com gestão de fundos imobiliários e que trouxe na bagagem de volta ao Brasil, quando retornou a São Paulo, montando a KSM, Klabin Segall Management, empresa que comanda até hoje.
Em terras paulistanas, Oscar Segall enfrentava uma frustração: cada vez mais, vinha se distanciando da prática do surf, sua grande paixão esportiva. Entre as demandas da empresa e da família, não encontrava tempo para enfrentar o trânsito e as imprevisões do clima para a prática da modalidade. Foi aí que nasceu um dos maiores projetos do mercado imobiliário no Brasil. Já que ele não conseguia ir facilmente até as praias, ele teve a ideia de trazer a praia até ele — assim surgiu a praia com piscina de ondas artificiais no condomínio residencial Fazenda da Grama, a uma hora e meia distante da capital paulista.
Assim como tudo o que ele desenvolveu, a implantação de uma praia em um empreendimento de campo era uma missão quase impossível e ninguém apostou na ideia com ele. A solução foi ele sozinho comprar 40 lotes de um empreendimento que estava adormecido e com dificuldades em vender suas unidades.
Nem precisa dizer o sucesso estrondoso que essa invenção trouxe para o lugar e para todo o mercado imobiliário. A praia com piscinas de ondas virou referência mundial. Oscar Segall passou a receber telefonemas de celebridades, de surfistas renomados e até mesmo de presidentes de países pedindo para usar o espaço que nunca havia sido projetado em um ambiente residencial, apenas em parques e de uma forma completamente diferente. Na Fazenda da Grama, a praia artificial com areia cristalina que não esquenta e nem gruda na pele dos visitantes é cercada por diversos itens de lazer, como as quadras de beach tennis e um restaurante japonês.
O sucesso da nova empreitada incentivou Oscar Segall a pensar em trazer a praia para dentro da metrópole. O problema dessa missão já não era encontrar investidores. Afinal, quem não gostaria de estar ao lado do idealizador da maior novidade do mercado? Mas, como o próprio Oscar menciona, nada se pode fazer sem um terreno. O desafio foi, então, encontrar um lugar bem grande, onde literalmente coubesse uma praia dentro da cidade de São Paulo. Tentou implantar na área do Jockey Club, às margens do Rio Pinheiros, o que seria uma ótima solução para o lugar, que segue com um futuro incerto, mas não conseguiu. Foi aí que surgiu a compra da área onde funcionava o Hotel Transamérica, que fechou as portas no início da pandemia de Covid-19.
Muito mais que uma praia dentro de um empreendimento residencial, o projeto que teve um investimento de mais de 1 bilhão de reais tomou outro rumo e se transformou em um clube exclusivo que une esporte, saúde e natureza, no qual aproximadamente 3 000 sócios poderão desfrutar de atividades como surf, ski e skate, entre outros, com título familiar vendido a 700 000 reais. A partir de julho de 2025, os paulistanos poderão desfrutar do espaço, batizado como Beyond The Club, uma novidade para toda a cidade que não via um novo clube nascer há mais de 80 anos.
Com metade dos títulos do clube vendidos, a KSM mira novos mercados e planeja implantar a marca em cidades do Brasil e mundo afora. O próximo destino já tem área definida: a agitada e efervescente Miami, capital da Flórida, nos Estados Unidos.
Beyond em inglês significa “além” ou “ir mais longe” e é exatamente isso que seu idealizador, Oscar Segall, transmite através de sua trajetória com seu olhar jovem e conversa inspiradora: ultrapassar algo convencional e ir além do imaginável.