Na manhã desta quarta, um ataque policial na Terra Indígena Nhanderu Marangatu, em Antônio João, no Mato Grosso do Sul, resultou na morte do jovem Neri Guarani Kaiowá.
O indígena foi assassinado a tiros durante um confronto na Fazenda Barra, uma área em disputa na terra indígena. Além da morte de Neri, uma mulher foi ferida na perna, e os barracos dos índios foram destruídos. A Força Nacional, responsável por intervir em situações de conflito fundiário, não estava presente no local.
A escalada de conflito na região, que também cobre municípios do estado do Paraná levou entidades a realizar uma missão humanitária na semana passada.
Formada por representantes de entidades indigenistas, movimentos sociais e autoridades públicas a missão visitou as terras indígenas Avá-Guarani, localizadas na região Oeste do Paraná.
“Os povos originários enfrentam ameaças contínuas de fazendeiros e jagunços. A delegação, composta por membros da Comissão Arns, Conselho Indigenista Missionário, Movimento dos Trabalhadores da Sem Terra, entre outros, busca demonstrar solidariedade às comunidades indígenas e articular apoio frente à escalada de violência que esses grupos têm sofrido nos últimos meses”, diz um comunicado do conjunto de entidades.
O cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Indigenista Missionário, esteve presente na missão de direitos humanos em apoio às comunidades Avá-Guarani.
A missão visitou as retomadas indígenas Arakoe, Araguaju e Yhovy, situadas nos municípios de Guaíra (PR) e Terra Roxa (PR). Durante o encontro, a cacica Paulina Avá-Guarani, da tekoha Yhovy, relatou à delegação diversos episódios de violência, incluindo uma emboscada em janeiro que resultou em quatro feridos, entre eles o líder espiritual da comunidade.
“Estamos usando nossos corpos como escudo para defender nosso território ancestral”, afirmou Paulina, enfatizando a persistente luta pela demarcação das terras indígenas, apesar dos inúmeros desafios.
A Terra Indígena Guasu Guavirá, que abriga aproximadamente 5.000 AváGuarani, está em processo de demarcação. “Nos últimos dois meses, os atos de violência e invasões de terras por fazendeiros têm se intensificado, à medida que as comunidades indígenas resistem nas áreas retomadas, enfrentando o confinamento em pequenos territórios”, seguem as entidades.