Governo se ilude com falsa estabilidade, diz economista do Goldman Sachs
Alberto Ramos avalia que a atual combinação de crescimento e inflação não tem como acabar bem

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com a falsa impressão de que a economia do país está numa rota de estabilidade, como se tudo estivesse plenamente sob controle — um grave erro de análise. A avaliação é do economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos. “O grande equívoco é achar que esse equilíbrio que a gente tem hoje, de crescimento a 3,5% com inflação de 4,7% ou 4,8% e mercado de trabalho robusto, é estável. Entendo que é altamente instável”, diz ao Radar Econômico. Para Ramos, a consequência inevitável da atual conjuntura econômica é um curto prazo com desaceleração da economia, como já previsto para 2025 por analistas do mercado, inflação crescente e câmbio depreciado. O economista considera que o governo federal está forçando os limites do crescimento da economia através de um “ativismo excessivo da política fiscal”, o que não pode acabar bem. “Se você quer fazer uma viagem longa e rápida, você não pode ir a 220 km/h o tempo todo, porque o motor vai superaquecer e vai estourar”. Hoje, o Banco Central corre atrás do prejuízo utilizando os juros para frear a sede de gastos do governo, mas para tornar a economia realmente estável, é preciso ir à origem do problema, as contas públicas, avalia o economista.