Como a Frescatto se prepara para pancada milionária com tarifaço
Empresa de pescados estocou cerca de 300 toneladas de lagostas e pargos à espera de melhores condições de negócios com EUA

A Frescatto, que atua no comércio de pescados, estocou cerca de 300 toneladas de lagostas e pargos, um tradicional peixe da região Norte, à espera de uma definição sobre a taxação de 50% em produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Isso representa cerca de quatro milhões de dólares em produtos represados. “Freamos os envios para esperar melhores condições de negócio”, diz Rafael Barata, diretor de comércio exterior da Frescatto.
O governo brasileiro tenta negociar melhores taxas com os Estados Unidos — ou, ao menos, o adiamento do início das novas regras.
O anúncio de Trump pegou o setor de surpresa — em plena época de safra dos peixes exportados ao país. Para dar alguma vazão, a Frescatto tem enviado aos Estados Unidos alguns produtos por avião. O problema é que isso encarece em cerca de 10% o custo da lagosta e em 30% o custo do pargo. “Essa solução resolve um volume muito pequeno da nossa produção”, diz Barata.
Enquanto aguarda Trump, a Frescatto busca novos mercados — o que leva tempo. “Mesmo que ele volte atrás, vamos continuar buscando alternativas”, prossegue.
Cerca de 20% do faturamento da companhia, de cerca de dois bilhões de reais, vem das exportações. Os Estados Unidos respondem por 10%. O problema ao buscar opções é que o mercado brasileiro para pescados está bloqueado na União Europeia há sete anos, por questões sanitárias. “Governo precisa reabrir a Europa, se não ficamos muito restritos ao Oriente Médio e Ásia”, lamenta o executivo.