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As privatizações rendem votos? O que dizem as pesquisas

A ideia de reduzir o número de empresas públicas têm dificuldade de se difundir em faixas distintas do eleitorado

Por Felipe Erlich e Josette Goulart
Atualizado em 1 jun 2022, 12h42 - Publicado em 1 jun 2022, 11h12

Dentre os eleitores dos quatro principais candidatos à presidência apontados pela última pesquisa eleitoral FSB/BTG, Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet, a maioria tende a ser contrária ou indiferente a privatizações, segundo dados do levantamento divulgado nesta semana. O percentual mais baixo é entre eleitores de Lula. De acordo com pesquisa FSB, para 22% aumentaria a vontade de votar em Lula se ele fosse a favor das privatizações. Já para os eleitores de Bolsonaro esse percentual sobe para 48% e chega a 43% entre os eleitores de Simone Tebet. De qualquer forma, não é nem metade do eleitorado dos candidatos mais liberais. Para Filipe Campante, professor de economia na Universidade Johns Hopkins, o brasileiro médio não leva tão em conta a suposta contraposição entre indivíduo e Estado ao desejar um grande volume de serviços públicos, diferente do caso americano, em que isso é culturalmente mais presente. Corroborando esse dado, o PoderData divulgou em abril que cerca de 56% dos brasileiros são contra a privatização da Eletrobras, que caminha para ser o maior negócio do tipo feito pelo governo federal. Mas o governo também anunciou recentemente os primeiros passos para desestatizar a Petrobras.

Nas pesquisas da XP/Ipespe, os dados são parecidos e a maioria se mostra contrária à privatização tanto da Eletrobras quanto da Petrobras. Esse cenário só se inverte quando o eleitor é perguntado se seria a favor da privatização caso isso significasse preços mais baixos. Mas o cientista político, Antonio Lavareda, responsável pelo Ipespe, diz que o fato de serem contrários sem esse adendo, demonstra que o eleitorado não acredita que essa queda de preços seja plausível. Para Lavareda, Bolsonaro está com o discurso privatista em uma tentativa de se “desviar” da responsabilidade pelos aumentos e mostrar que se não os evita ao menos está fazendo algo para contê-los lá na frente. “No contexto é o que dá para ele fazer. Não é dar tiro no pé. O tiro ele já levou com os grandes aumentos. Trata-se ao contrário de aplicar um “curativo” no pé avariado.” 

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