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As estratégias de Ronaldo para gerir a carreira de jogadores de futebol

Ex-atacante mantém um family office voltado à administração das riquezas de atletas

Por Victor Irajá Atualizado em 9 Maio 2024, 10h26 - Publicado em 12 fev 2024, 10h10

Cara a cara com o goleiro, foram poucos os atacantes melhores que Ronaldo Nazário, o Fenômeno. Se o centroavante mostrou parte de seu repertório em campo, fora dele também se mostra craque. Em sociedade com o atacante do Arsenal Gabriel Jesus e a empresária Viviane Leal, Ronaldo fundou a R9 Gestão Patrimonial e Financeira, um family office voltado à administração das riquezas e investimentos de jogadores de futebol. “É necessário entender a perenidade da vida dos atletas. Apesar de ganharem muito dinheiro, o fluxo é maior de saída por boa parte da vida”, diz Viviane ao Radar Econômico. “Desenvolvemos estratégias para perpetuação dos recursos para que a próxima geração dos atletas possa estar amparada”, diz ela.

A equipe de Ronaldo realiza reuniões mensais com os 17 atletas sob gestão — como Cássio, Paulinho e Roger Guedes — para que eles “entendam, participem das decisões”. “É interessante pegar um carreira do início, perceber as primeiras necessidade dos atletas. O cara explode, é vendido para a Europa, e sai de um salário de menos de 50 mil reais com o bolso cheio com 30 ou 40 milhões. Como viver, receber esse dinheiro, comprar um imóvel pra minha família?”, indaga ela. “Nós, do mercado ‘comum’ corporativo, temos um período de acúmulo de receita, desde quando começamos a trabalhar até os 60 anos de idade. O atleta só tem dez a quinze anos de acúmulo e passa o resto da vida gastando”, diz Viviane. “Desenhamos estratégias diferentes dependendo de em que fase da carreira esse jogador está para estruturar a vida depois da aposentadoria”.

Ela conta um episódio: dois anos atrás, um atleta que recebia 1 milhão de reais por mês tinha apenas 2 milhões investidos. “Hoje, ele tem 22 milhões de reais investidos porque vendemos ativos desmobilizados, que não traziam receita, e geramos liquidez. Conseguimos acionar clubes para pagar dívidas”, afirma. “O atendimento é muito voltado às necessidades particulares de cada atleta — muitos tinham problemas fiscais e com divisas. De 80% a 90% dos atletas quebram em dez anos após a aposentadoria. Quando o atleta se aposenta e faz transição de carreira, está sem liquidez e com altos gastos”, diz ela. Um dos ativos da R9, explica, é exatamente o “boleirês”. “Existe muito distanciamento na linguagem. Se o cara vai no banco ou numa casa de investimentos, o vocabulário é em inglês e financista, causando distanciamento do jogador”, afirma.

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