As ‘amizades’ internacionais de Lula e Bolsonaro para o avanço da economia
Os poucos países próximos do governo Bolsonaro não têm relevância para a economia brasileira, segundo especialista da FGV
A relação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) com outros países virou assunto central na disputa pela presidência da República. Aliada de Lula no segundo turno, Simone Tebet (MDB) tem frisado a importância da posição do Brasil no mundo para o agronegócio, frequentemente tocando na questão ambiental. Na visão de Leonardo Paz, cientista político na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e no Ibmec, as diferenças entre os candidatos quanto à política externa não estão apenas na pauta ambiental, sendo bem mais profundas.
“Além de contar com pouquíssimos países aliados de primeira hora, como Polônia e Hungria, o governo de Bolsonaro não tem uma política externa estruturada, sem grandes ambições. Antes, com o ex-chanceler Ernesto Araújo, houve uma ideia de alinhamento do Brasil com o governo Trump. Mas isso obviamente caiu por terra quando Trump perdeu a eleição de 2020”, diz. Não constando entre os trinta países para os quais o Brasil realizou mais exportações em 2022, a proximidade com a Polônia e a Hungria não tem relevância econômica, também segundo o professor. O histórico de hostilização de alguns países por parte de Bolsonaro, como no caso em que insultou a primeira-dama francesa em 2019, também é apontado como uma dificuldade.
De acordo com Paz, um governo Lula teria mais trânsito internacional, com a postura de sua campanha frente à agenda internacional sendo mais engajada que a de Bolsonaro. “Lula teria mais trânsito com vários países do mundo, emergentes e desenvolvidos. Quanto à Europa, o histórico de combate ao desmatamento nos governos de Lula é bem lembrado. O acordo entre Mercosul e União Europeia travou durante o governo de Bolsonaro. Com Lula, há mais chance de avançar, mesmo que não seja tão grande”, afirma Paz.
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