Apesar do ano ruim, cooperativas do Paraná crescem 19%
Cooperativismo paranaense faturou 83,5 bilhões de reais em 2018, mesmo com os prejuízos da greve dos caminhoneiros e do baixo crescimento do PIB
Em 2018, as cooperativas paranaenses faturaram 83,5 bilhões de reais, um crescimento de 18,9% em relação a 2017. O crescimento impressiona em um ano marcado pela greve dos caminhoneiros, com o PIB brasileiro devendo crescer algo entre 1,2% e 1,5% e o setor agropecuário tendo uma pequena retração na comparação com o ano anterior.
“Somete no nosso setor o prejuízo foi de 1 bilhão de reais. Porém, mesmo com todas as dificuldades vivenciadas no ano de 2018, o cooperativismo paranaense mantém firme sua estratégia de desenvolvimento, com planejamento e novos investimentos”, disse o presidente José Roberto Ricken, da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná) no evento de final de ano das cooperativas estaduais.
Juntas, as cooperativas paranaenses contam com um pequeno exército de 1,8 milhão de cooperados que geram 93.638 empregos diretos. Há dez anos, eram pouco mais de 500 mil cooperados com 52 mil funcionários. O sistema Ocepar congrega cooperativas de saúde, educacionais e de crédito. A grande força porém, ainda, reside nas cooperativas agropecuárias.
“As cooperativas paranaenses agrícolas criaram um modelo único que une a qualidade do produtor com profissionalização da gestão e força política por meio da Ocepar. Esse modelo foi replicado e hoje por exemplo as cooperativas de crédito crescem a níveis chineses”, explica Alex Antonio Ferraresi, coordenador do mestrado de Gestão em Cooperativas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). “O diferencial é que as cooperativas de crédito tornam-se parceiras financeiras para as cooperativas agrícolas”, complementa Ferraresi.
Maiores
O ranking Maiores e Melhores – As 1000 Maiores Empresas do Brasil organizado pela revista Exame coloca 18 cooperativas paranaenses na sua listagem. Em 2013, eram 15. Um dos exemplos desse crescimento é a Frísia. A cooperativa de Carambeí, na região dos Campos Gerais, é mais antiga do Paraná e a segunda mais antiga do Brasil.
Em 2013, a empresa – ainda sob o antigo nome de Batavo – aparecia como a 384 maior do Brasil. No ranking de 2018, a empresa está na posição 299. Focada na produção de leite, carne e grãos, a Frísia é uma das integrantes de novo modelo dentro do cooperativismo paranaense. Juntas, Frísia e as as cooperativas Castrolanda e Capal, todas da região dos Campos Gerais, formaram por meio da intercoperação, a marca Unium. Na prática, cada cooperativa continua com seu modelo de gestão próprio. A diferença é que várias marcas, caso da Alegra, de carne suína, passam a chegar para o consumidor com o selo Unium.
“A lógica dos cooperados é que juntos somos mais fortes. Temos maior poder de negociação e durante momentos de crise, quem está sozinho fica à deriva. Isso valia para os produtores e vale para as próprias cooperativas. Não fazia sentido nos isolarmos.” explica o produtor rural e vice-presidente da Frisia, Gaspar João de Geus, 55 anos.
Bisneto dos fundadores da Frísia, Geus diz que a profissionalização da gestão nos últimos anos tem sido o grande diferencial das cooperativas. “Qualidade como produtor sempre tivemos. O que se intensificou foi a gestão. Os processos administrativos, o olhar para o mercado, tudo isso melhorou se profissionalizou nas cooperativas”, diz ele, que fornece grãos para a Frísia e Unium.
O modelo tem dado tem certo que ao completar um ano, a Unium anunciou dois investimentos que totalizam 125 milhões de reis. O primeiro será a inauguração de uma fábrica de leite em pó. O segundo será uma usina de biogás. As inaugurações estão previstas, respectivamente, para agosto e setembro do ano que vem.