Aos 81 anos de idade, o astro Bob Dylan não costuma dar muitas entrevistas. Em uma rara concessão ao jornal americano The Wall Street Journal, o cantor respondeu uma série de perguntas que dão aos fãs um gostinho da sua relação pessoal com a música e a tecnologia. Questionado sobre as mudanças capitaneadas pelo streaming, Dylan afirmou que o serviço fez a arte se tornar “muito suave e indolor”. “É tudo muito fácil. Um golpe do dedo anelar, dedo médio, um pequeno clique, é tudo o que é preciso”, opinou ele.
Ainda sobre o cenário musical, Dylan revelou que costuma ouvir música em CDs, rádio ou streaming, mas que é um eterno admirador do vinil. Ele também apontou que poucas músicas feitas hoje em dia são capazes de estabelecer um novo padrão. “Quem vai fazer isso? Um artista de rap? Uma estrela do hip-hop? Um raver, um especialista em samples, um cantor pop? Isso é música para o establishment. É fácil de ouvir. É uma paródia da vida real, segue os movimentos. Um novo padrão está em outro nível. É um modelo para outras canções, e é uma em mil.”, analisou.
Por dentro da tecnologia, Dylan não é daqueles que demoniza as redes sociais. Pelo contrário: “Acho que elas trazem felicidade para muitas pessoas. Algumas até descobrem o amor ali. É fantástico se você é uma pessoa sociável”, afirmou ele, ponderando que as redes também têm o poder de dividir e separar as pessoas. Sobre a tecnologia no geral, o cantor comparou os avanços com feitiçaria, e balanceou o potencial de ajuda e destruição. “É um espetáculo de mágica, conjura espíritos. É uma extensão do nosso corpo, como a roda é uma extensão do nosso pé. Mas pode ser o último prego cravado no caixão da civilização; nós simplesmente não sabemos.”