Mercado financeiro já “precifica” o nome de Haddad à frente da Fazenda
Segundo banqueiros, um impacto “marginal” na Bolsa e no dólar deverá ser “mascarado” com a melhora da economia global

O mercado financeiro não tem mais dúvida ou, pelo menos, as dúvidas parecem diminuir a cada dia: Fernando Haddad deverá ser o ministro da Fazenda no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “90% de chances de ser ele”, afirma um banqueiro. “Os outros (nomes) não têm a menor chance”, conclui.
Isso significa que o mercado financeiro já “precificou” – ou seja, já digeriu e incorporou às suas previsões para a Bolsa de Valores e o dólar – o nome do ex-ministro e ex-prefeito? É bom lembrar que o coração de banqueiros e executivos no eixo São Paulo-Rio sempre bateu mais forte por nomes sem ligação direta com o PT, como os de Henrique Meirelles e Persio Arida.
“Haddad ainda provoca um impacto marginal na economia”, afirma um sócio de uma administradora de ativos. “Como o mercado global está muito melhor, a piora estará de certa forma mascarada”, completa. Segundo esses banqueiros, a cotação “justa” do dólar seria hoje na casa dos R$ 4,85, e não em mais de R$ 5.
Daqui para a frente, sacramentado um anúncio oficial (e o presidente eleito tem sido pressionado a definir logo um nome até mesmo por integrantes da sua equipe de transição), os olhos do mercado financeiro vão se voltar para a agenda econômica do novo ministro. Essa, sim, uma dúvida crescente, tendo em vista a proposta apresentada ao Congresso para abrir espaço de quase R$ 200 bilhões em despesas fora do teto de gastos para cumprir parte das promessas feitas durante a eleição.
Qual será o futuro do teto de gastos, que mudanças serão feitas na política fiscal, qual o interesse de levar à frente as reformas tributária e administrativa, quais serão as iniciativas verdes – no âmbito de política de meio ambiente e de crescimento econômico sustentável. “Até agora, estamos no escuro em relação a todos esses itens”, afirma outro banqueiro.