A recente queda do dólar, que fechou a semana passada abaixo do patamar de R$ 6, trouxe um breve alívio ao mercado empresarial brasileiro. Mas a Faria Lima se mantém cautelosa, temendo que o presidente Lula possa interpretar essa melhoria como um sinal verde para aumentar os gastos públicos, comprometendo ainda mais os esforços da equipe econômica para dar um ar de credibilidade à política fiscal.

O cenário para 2025 permanece nebuloso, com banqueiros do centro financeiro de São Paulo, ouvidos pela coluna, projetando uma ampla faixa de flutuação para o dólar, podendo chegar, no pior cenário, aos R$ 7,00. Continua valendo a explicação de que não há segurança quanto à capacidade do governo em manter uma política fiscal responsável e consistente ao longo do ano em que se inicia. para empresários e banqueiros, atualmente os três poderes da República – Executivo, Legislativo e Judiciário – são expansionistas. Gastam, sempre, sem se preocupar com a necessidade de manter a meta da política fiscal, ponto nefrálgico para o melhor desempenho da economia e o consequente controle inflacionário.

É importante lembrar que 2024 já foi um ano desafiador para o real, com o dólar acumulando uma valorização significativa, com rendimento acima de 27%. Ou seja, com forte desvalorização do real frente à moeda norte-americana. Em declaração recente, o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, procurou fugir das previsões: “Eu não compraria dólar acima de R$ 5,70, porque é caro para as condições de fundamento da economia brasileira, mas eu não sei onde o dólar vai estacionar, porque depende de várias variáveis”.​

O desempenho do dólar em 2025 será, portanto, uma medida crucial da confiança do mercado na gestão econômica do governo Lula. A estabilidade cambial dependerá da capacidade do Executivo em equilibrar as demandas sociais com a disciplina fiscal, um desafio que promete manter investidores e analistas em constante alerta ao longo do ano que se inicia. Está aberta a temporada de apostas na Faria Lima.

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