CV: empresas e bancos caem em trapaças nas contratações?
O setor privado tem seus próprios meios para evitar trapaças em CVs, a exemplo do que ocorreu com deputado George Santos nos EUA
George Santos é um político de Nova York eleito pelo Partido Republicano para a Câmara dos Representantes dos EUA, na qual tomou posse neste ano, em nova legislatura. Apoiador de Donald Trump, Santos teve a vida virada de cabeça para baixo após a eleição, quando o jornal The New York Times mostrou que ele mentiu sobre vários aspectos de sua vida para atrair eleitores de seu distrito – do curriculum acadêmico e profissional às fontes de renda e origens familiares. Filho de brasileiros, aparece envolvido em outros casos, incluindo estelionato quando morava ainda em Niterói, no Rio de Janeiro, onde teria furtado cheques para fazer compras em uma loja de sapatos.
É um mau exemplo, e acende o sinal vermelho em relação ao que se pode fazer com Cvs no mercado atualmente. E o setor privado, passa também por isso e cai em exageros ou mesmo fraude curricular nas contratações? Esta coluna foi atrás de profissionais tarimbados para responder a esta questão. “Os executivos não mentem em seus cvs”, afirma Luiz Concistre, consultor de carreira há 20 anos. “Os profissionais sabem que, se mentirem, serão pegos na certa”, completa Carmelina Nickel, outra especialista, com mais de 30 anos de atuação no setor.
Mas como as empresas e bancos fazem para desvendar possíveis mentiras ou exageros de seus candidatos – sejam eles juniores ou seniores? “Além de ronda em redes sociais, as empresas têm consultores especializados em outplacement que evitam qualquer exagero no CV”, afirma Nickel. De fato, não é por acaso que, dependendo do cargo, a contratação pode levar meses para ser concluída.
O candidato passa por entrevistas e, simultaneamente, tem a sua vida vasculhada por empresas especializadas em controle financeiro, jurídico e civil. A novidade agora é a inclusão nesse rol das redes sociais. “O candidato não pode ter fotos exibicionistas, comprometedoras ou mesmo posições que o desabone como cidadão como preconceitos de qualquer ordem”, afirma Concistre. “Além disso, há também varredura em escolas para verificar a veracidade da formação acadêmica”, afirma Nickel. “É quase impossível alguém mentir no CV e passar ileso hoje em dia”, completa.