Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Um governo em formação

Lula não cumpriu uma das principais promessas de campanha

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 11h18 - Publicado em 12 mar 2023, 08h00

Em discurso proferido em outubro do ano passado, o presidente Lula prometeu uma gestão “além do PT”. Apesar da evidente tentativa de ser inclusivo em termos de forças políticas, o governo não está conseguindo ser nem “petista” nem, muito menos, “além” do partido. Ainda está em formação. Estamos no terceiro mês e, de fato, o governo ainda não começou. Algumas iniciativas, como o novo Bolsa Família e o Desenrola, programa de redução de dívidas, apareceram, mas não existe até agora um governo sólido, além das narrativas. Quais as razões? Aponto algumas.

A primeira delas se refere à montagem de uma estrutura com 37 ministérios. Já seria complicado se existissem, previamente, tais posições. Agora, imagine ter de partir e repartir os ministérios do governo anterior e fazê-­los funcionar. Muitos comandados por figuras sem muita experiência. A segunda razão reside no fato de aliados quererem ministérios de “porteira fechada” e resistirem ao controle tecnocrático do PT. Em duas áreas o conflito está evidente: no Ministério de Minas e Energia, com a disputa por cargos no conselho da Petrobras, e no desmembramento do Ministério da Agricultura.

“O governo não está conseguindo ser nem “petista” nem, muito menos, ‘além’ do partido”

A terceira razão decorre da constatação — já comentada por mim — de que o jogo do poder no Brasil mudou. Não há mais um predomínio inconteste do Executivo. Temos um poder compartilhado que demanda um novo software, e isso parece não estar funcionando. Tanto que algumas agendas do governo — como a cobrança de imposto de exportação de petróleo e a volta do voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), entre outras pautas — não estão encontrando apoio no Congresso. Recentemente, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, disse, em alto e bom som, que o governo não tem maioria simples para aprovar suas propostas.

Nesse sentido, vale lembrar que Lula orientou seus ministros sobre a prevalência do Congresso. No início de janeiro, ele disse que o governo depende do Parlamento para dar certo e que cada ministro deve ter a grandeza de atender bem os deputados e senadores. As votações futuras vão indicar se isso está ocorrendo. Quais as consequências do que aponto? A mais relevante delas é que viveremos tempos de disputas políticas crescentes dentro do Poder Executivo e entre o governo e o Congresso.

Continua após a publicidade

Enquanto o governo não estiver claramente formatado, a disputa prosseguirá correndo solta pela Esplanada. A segunda consequência é que, enquanto o governo não funcionar de verdade, as narrativas ocuparão os espaços midiáticos. Nesse quesito, Lula vem levando vantagem. Sua avaliação positiva é elevada, próxima dos 50%, o que representa uma espécie de colchão para os tempos difíceis que podem surgir na economia. A fórmula, porém, não pode ser levada muito longe. O governo precisa se organizar, definir prioridades, consolidar sua base de apoio, ser mais inclusivo com os aliados “não petistas” e emitir sinais de previsibilidade para os agentes econômicos. Nas próximas semanas, o Congresso estará discutindo temas de imensa relevância. A consistência da base parlamentar será testada de verdade, assim como a dimensão do atual ministério e sua capacidade de ação política.

Publicado em VEJA de 15 de março de 2023, edição nº 2832

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.