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Questões políticas em aberto

As revelações sobre a trama golpista lançam incertezas para 2026

Por Murillo de Aragão 1 dez 2024, 08h00

Os recentes desdobramentos envolvendo tramas golpistas lançam novas incertezas sobre os rumos da política brasileira. Em meio a um cenário de disputa de narrativas, fragmentação ideológica e incertezas institucionais, algumas perguntas são inevitáveis: o ex-presidente Jair Bolsonaro estará eleitoralmente inviabilizado em 2026? O bolsonarismo, enquanto movimento político, perdeu sua força eleitoral? A centro-direita e a direita seguirão um caminho de divisão? E, por outro lado: o presidente Lula conseguirá ampliar sua influência em relação ao centro político, essencial para viabilizar sua agenda e pavimentar sucessões dentro de sua base?

O desgaste de Bolsonaro, amplificado por condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afastamentos institucionais e envolvimento em tentativas de desestabilização democrática, sugere uma considerável dificuldade de retorno competitivo em 2026. Contudo, é cedo para declarar o ex-presidente completamente fora do jogo político. Sua base fiel permanece relevante em setores específicos, especialmente entre eleitores mais conservadores e religiosos e em regiões tradicionalmente alinhadas com seu discurso. No entanto, diante dos acontecimentos — mesmo que não se prove o seu envolvimento direto nas tramas —, dificilmente o Judiciário viabilizará sua candidatura.

Já o bolsonarismo como movimento enfrenta um dilema. Embora Bolsonaro seja a sua figura central, o movimento transcende a sua liderança, mantendo-­se como catalisador de insatisfações difusas, aversão ao establishment e reivindicações por pautas ultraconservadoras. A questão é se o bolsonarismo conseguirá se reorganizar em torno de novas lideranças ou vai se fragmentar, perdendo força eleitoral de forma irreversível. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), já se adiantou e declarou que quer ser candidato mesmo sem o apoio de Bolsonaro. Outros nomes serão aventados, o que expõe um quadro de fragmentação na direita.

“Apesar do desgaste, é cedo para declarar Bolsonaro completamente fora do jogo”

A direita e a centro-direita enfrentam desafios importantes quanto à coesão. Enquanto parte das lideranças conservadoras busca distanciar-se do bolsonarismo, reconhecendo os custos políticos associados à radicalização, outra parcela segue alinhada ao discurso populista e antissistema que trouxe bons resultados eleitorais em 2018 e 2022.

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Do outro lado, Lula enfrenta o desafio de consolidar uma base mais ampla, que vá além da esquerda tradicional e abranja setores moderados do centro. A governabilidade tem exigido habilidade negociadora intensa, especialmente em um Congresso majoritariamente conservador e pragmático. O alcance da influência de Lula dependerá de sua capacidade de entregar resultados ao eleitorado centrista e de superar resistências internas, tanto na sua coalizão quanto entre adversários mais moderados.

À medida que o Brasil avança para 2026, o campo político permanece em redefinição. As perguntas formuladas no início deste texto ainda não têm respostas definitivas, mas indicam os pontos nevrálgicos do debate político nacional nos próximos anos. Mais do que nunca, a política brasileira precisa de estabilidade institucional e revalorização do diálogo democrático para superar os desafios que permanecem no horizonte.

Publicado em VEJA de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921

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