Quem são os prestadores de serviços no agro?
Conheça os agentes essenciais para conectar as cadeias produtivas

Muitas pessoas confundem que agro é o que ocorre apenas dentro das fazendas, nas atividades de lavouras e pecuária, o que não é conceitualmente correto. Pela definição dos célebres professores John Davis e Ray Goldberg, idealizada na Universidade de Harvard, em 1957, o conceito de agro se expande para muito além das propriedades rurais: vai desde os produtores de insumos (1), passando pelos distribuidores de insumos (2), pelas propriedades rurais (3), pelos comercializadores da produção (4), agroindústrias e indústrias de biocombustíveis (5), indústrias de alimentos (6), os distribuidores dos produtos – varejo e atacado (7), até chegar ao consumidor final.
Os 7 agentes citados anteriormente compõem as principais etapas de uma cadeia agroalimentar. Mas, é essencial lembrar que, para que um produto percorra uma jornada ao longo de uma cadeia produtiva, existe outro grupo essencial ao longo de todo o “percurso”: são os prestadores de serviços. Com a profissionalização da agricultura e criação de novas tecnologias, o agro vem ganhando novos aliados para compor o seu ecossistema em crescimento. Startups desenvolvedoras de softwares, empresas operadoras de drones, instituições de caráter coletivo como federações e associações; são apenas alguns exemplos dos prestadores de serviços no agro.
O setor de serviços desempenha um papel fundamental na geração de riqueza e empregos, contribuindo significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. De acordo com estimativas da CNA/Cepea, o PIB do agronegócio pode alcançar R$ 3,79 trilhões em 2025 (cerca de 30% superior a 2024), representando 29,4% do PIB brasileiro (versus os 23,5% do ano anterior). Especificamente, o segmento de serviços representou a maior fatia dentre as categorias analisadas, com 43,9% do total do agro no 1º trimestre.
Outro grande impacto dos prestadores de serviços no agro pode ser visto na geração de empregos. Ainda segundo a CNA/Cepea, das 28,5 milhões de pessoas estimadas no agro no 1º trimestre de 2025 – um recorde histórico ao participar de 26,2% de todas as ocupações do país – cerca de 10,7 milhões são provenientes diretamente dos serviços, ou 37,4% das posições do agro brasileiro. Ainda que nesta conta de PIB e empregos, provavelmente muito dos serviços do agro não estejam inclusos.
Após entender a grandeza do segmento de serviços e o seu impacto para a economia brasileira, vamos propor uma classificação dos serviços no agro, visando mostrar sua amplitude.
- Entidades Setoriais e Representativas: promovem a representatividade, a articulação institucional e a defesa dos interesses do setor agropecuário, facilitando o diálogo entre produtores, indústria, governo e sociedade. Incluem as associações (a), federações (b), sindicatos (c) e outros.
- Serviços de Educação, Técnicos, Científicos e de Inovação: voltados para pesquisa, desenvolvimento de tecnologias, análise de dados e formação técnica. Incluem: serviços agrícolas (a); diversas instituições de educação (b); empresas de softwares (c); empresas de dados (d); empresas de pesquisa (e); e laboratórios/análises (f).
- Consultoria, Auditoria e Certificação: Prestadores que asseguram conformidade, regulamentação, gestão estratégica e segurança jurídica. Como exemplos de organizações, temos: certificadoras (a); auditorias (b); consultorias (c); escritórios jurídicos (d); e cartórios (e).
- Infraestrutura, Logística e Operações: Responsáveis pela construção, armazenagem, transporte e infraestrutura. Incluem: empresas de projetos (a); construtores de fábricas (b); armazéns (c); transportadoras (d); e empresas públicas (e).
- Serviços Financeiros e de Gestão de Riscos: Oferecem soluções de crédito, seguros, investimentos e gerenciamento de riscos. Como exemplos: bancos (a); seguradoras (b); e corretoras gestoras de fundos (c).
- Gestão, Comunicação e Eventos: Profissionais que atuam na comunicação, recrutamento, promoção de eventos, consultorias e gestão financeira, conectando o campo ao mercado consumidor. Este elo inclui: propaganda/design (a); empresas de mão de obra (b); empresas de eventos (c); empresas de informações (d); desenvolvimento – Sebrae, Senar (e); e contabilidades (f).
Com base nos dados e informações trazidas ao longo do texto, se torna clara a importância dos prestadores de serviços no agro brasileiro e mundial, já que sem eles as cadeias produtivas seriam praticamente impedidas de seu funcionamento. O setor de serviços faz o agro funcionar e gera imensa quantidade de empregos. De agora em diante, quando forem questionados sobre “Quem faz parte do agro?”, lembre-se dos prestadores de serviços, visto seu papel é crucial na economia e vida de milhões de brasileiros. Aqui lembramos de listar praticamente 30 tipos, mas existem outros tipos ainda não lembrados pelo nosso texto.
Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.