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Bye-bye, baby Kim: o destino do norte-coreano foi selado

Estados Unidos e China se entenderam sobre a conveniência de cortar as asinhas nucleares do pequeno ditador. Será que vai ter chuva de Tomahawk?

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 20h56 - Publicado em 24 abr 2017, 17h40
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  • A batata de Kim Jong-Un está assada.

    Evidência número um: Donald Trump convidou todo, repetindo todo, o Senado americano para ir à Casa Branca na quarta-feira.

    Evidência número dois: Trump e Xi Jinping, o presidente da China, falaram por telefone. “Os dois líderes reafirmaram a urgência da ameaça representada pelos programas balístico e nuclear da Coreia do Norte e se comprometeram a reforçar a coordenação para conseguir a desnuclearização da península coreana”.

    Evidência número três: Nikki Haley, a embaixadora americana na ONU, disse que os Estados Unidos “não descartam um ataque preventivo” caso a Coreia do Norte teste um novo míssil balístico de médio alcance, teoricamente capaz de levar uma ogiva nuclear até o Japão.

    Isso tudo significa que as duas maiores potências econômicas do planeta se puseram de acordo em relação ao que Trump chamou de “encrencas” provocadas deliberadamente pelo ditador de 33 anos, herdeiro da dinastia fundada pelo avô que criou um dos países mais bizarros da história.

    Ainda não é possível saber se o acordo Trump-Xi é com Kim ou sem Kim. Ou seja, se o rotundo ditador continua e é nada gentilmente convidado a se retirar. Nas duas hipóteses, tem que parar de testar bombas nucleares e mísseis que possam transportá-las.

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    O segredo da eventual solução de um problema intratável, fora da esfera da contenção, há mais de 60 anos, é a negociação entre Trump e Xi. A China tem poder total sobre a miserável Coreia do Norte, onde só sobra dinheiro para o programa nuclear e a programação de diversões da família Kim.

    Estrategicamente, a China sempre usou esse poder para reforçar seu poder de pressão na esfera asiática e no plano mundial. Se Xi mudou uma política estrutural é porque era alguma coisa a mostrar em troca.

    Por mais poder que, silenciosamente, tenha acumulado, ele ainda precisa responder à altíssima e fechadíssima cúpula do Partido Comunista Chinês. O próprio Trump já disse que iria oferecer um “belo acordo comercial” à China se ajudasse a resolver a questão do encrenqueiro júnior da Coreia do Norte.

    O sinal mais evidente de que a China estava mudando de ideia foi espetacularmente exposto no jantar em Mar-a-Lago oferecido por Trump a Xi. Na hora da sobremesa, bolo de chocolate, Trump deu a autorização final para que a Marinha americana mandasse a chuva de Tomahawks para a base aérea síria, em represália pelo ataque com gás sarin que atingiu civis inocentes.

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    Depois do café, Trump explicou a Xi o que estava acontecendo e o líder chinês concordou que era um castigo certo pelo uso absolutamente proibido de armas químicas. Sobre o que mais os dois concordaram ainda ficaremos sabendo, mas a recepção em Mar-a-Lago está se firmando como um dos jantares de maior peso histórico desde que Roosevelt, Stalin e Churchill jantaram em Yalta e dividiram o mundo do pós-guerra.

    Yalta estabilizou a situação mundial em troca de uma traição horrível: Stalin ganhou de presente todos os países do Leste europeu que só se livraram do domínio soviético mais de 50 anos depois. De qualquer maneira, consagrou o status quo já existente, com a vitória da URSS nos territórios ocupados pela Alemanha nazista. Pragmaticamente, Churchill fez depois uma pergunta retórica: “O que a Polônia queria? Que começássemos outra guerra mundial?”

    O comportamento abusivo de Kim Jong Un e as reações de Trump, depois de oito anos de politico externa assustadiça do governo Obama, despertaram uma curiosa divisão no mundo. Os anti-trumpistas passaram a torcer pelo ditadorzinho doido.

    Comemoraram quando a força de ataque do porta-aviões Carl Vinson, capaz de mandar a Coreia do Norte de volta para a idade da pedra à qual muitas vezes já parece ter regredido, estava “indo para o lugar errado”. Também levaram a sério todas as declarações delirantes de que a Coreia do Norte “ameaçava afundar” o porta-aviões e talvez, quem sabe, reduzir os Estados Unidos a cinzas nucleares.

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    A CNN disse, a sério, que “não havia conseguido confirmar com fontes independentes” se a Coreia do Norte iria realmente afundar o Carl Vinson e destruir os Estados Unidos.

    Todas as outras pessoas normais, embora nem sempre totalmente informadas sobre a complexidade dos elementos envolvidos, passaram a torcer para que Trump mandasse logo uma chuva de Tomahawks na cabeça do Kim. Muita gente também ficou com medo de uma guerra mundial e o assunto explodiu nas redes sociais.

    Calma, gente. Não parece que vai ser dessa vez. Embora a capacidade de encrenca de um regime como o norte-coreano em situação de beco sem saída não possa ser subestimada, os chineses possivelmente se ocuparam de tarefas que sabem fazer bem, como ameaçar, chantagear, cooptar, comprar e, se preciso, detonar seus protegidos. O importante, agora, é não deixar a Coreia do Norte desabar. E não deixar a China parecer que cedeu em posição de fraqueza.

    Trump, claro, será espinafrado por fazer concessões demais. Etc etc etc.

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