Depois de fazer uma impressionante e vitoriosa campanha para a prefeitura de São Paulo, sendo o maior o fenômeno eleitoral de 2020, Guilherme Boulos, o líder dos sem-teto, caiu no canto da sereia de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na manhã desta terça-feira, 22, Boulos anunciou, em entrevista à Monica Bergamo, que será candidato a deputado federal, e não mais ao governo de São Paulo, como sua militância tanto queria.
Boulos se transformou naquele primeiro correligionário a tombar para que Lula consiga fazer o palanque dos sonhos em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.
Agora, o ex-presidente precisa convencer Márcio França a sair do caminho para que Fernando Haddad reine sozinho à esquerda e possa lutar para vencer as eleições. Isso, pelo governo de São Paulo.
Lula filia Geraldo Alckmin (vice dos sonhos) no PSB, consegue o aval de França para Haddad e poderá, com as pesquisas de intenção de voto embaixo do braço, viajar o país em busca de vitória histórica, contra Jair Bolsonaro.
Boulos deu uma boa desculpa – quer evitar que Eduardo Bolsonaro seja novamente o deputado federal mais votado do país – para correr de uma candidatura que quase todos no PSOL desejavam.
Lideranças com voto como Boulos devem concorrer à Câmara para garantir boas bancadas, superar a cláusula de barreira e a proibição de coligações proporcionais.
Há quem diga que Boulos não tinha chance para governador (seria difícil mesmo), e pode ser o deputado mais votado, carregando com ele vários candidatos do PSOL. Uma estratégia que poderá se repetir em vários estados.
Mas… Certamente Lula ajudou na construção do discurso de Boulos. Ou alguém tem dúvida?
Agora, o petista precisa construir uma alternativa palatável para Márcio França e o PSB também correram do páreo, abrindo espaço para o PT, Haddad e Lula avançarem.
Não duvidem – é mais difícil França desistir, eu sei. É que Lula faz milagre atrás de milagre para conseguir essa hegemonia na esquerda brasileira. Há décadas. Falta um passo para o palanque dos sonhos do PT em São Paulo.