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Bolsonaro e os seus dilemas: Aliança não decola e centrão se enfraquece

Novo projeto político do presidente está falhando em dois pontos, mas cientista político diz que ele ainda pode ficar em compasso de espera

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 ago 2020, 09h12 - Publicado em 3 ago 2020, 07h25
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  • O projeto do presidente Jair Bolsonaro de construir um novo partido está dando errado, e a ideia de se alinhar com o Centrão no Congresso Nacional também começou a fazer água. Mesmo assim, o cientista político Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília (UNB), lembra que ele pode ficar agora “em compasso de espera”. Contudo, alerta, “resta saber se o presidente terá a prudência”.

    O fato de o presidente não ter um partido em 2020 – e durante as eleições municipais que acontecerão na pandemia – pode até ser algo positivo. Para o cientista político, evita o possível ônus de derrotas, uma vez que a onda bolsonarista de 2018 não vai ocorrer. “Na verdade, ele pode agir estrategicamente e se aproximar dos aliados com chance, para alegar depois que foi influente no processo eleitoral”, avalia Lúcio Rennó.

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    Do ponto de vista político atual, o importante são as movimentações internas no Congresso – principalmente, na Câmara dos Deputados. Até algumas semanas atrás, chamava atenção o fato de o Centrão ter se aproximado de Bolsonaro com uma forte expectativa de algum de seus líderes assumir a presidência da Câmara o ano que vem.

    Isso dava ao presidente Bolsonaro uma tranquilidade maior para não só evitar de vez ameaças de remoção do cargo, através de um impeachment, mas também de ter o controle da agenda legislativa. “O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, então, reduziu sua presença na mídia, trabalhou nos bastidores para reverter a situação e se manter influente no processo da sua sucessão e de controle da agenda da Câmara. Novamente, parece ter surtido efeito”, aponta Lúcio Rennó.

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    Na avaliação do cientista político, o Centrão se enfraqueceu muito na semana passada com a retirada formal de apoio do MDB e do DEM, sinalizando claramente que o poder no Congresso está em disputa. Ou seja, o que parecia encaminhado há um mês, já não está. Haverá resistência, afirma Lúcio Rennó, e isso é sim preocupante para Bolsonaro.

    “Na situação atual de indeterminação, Bolsonaro não tem motivos para apressar sua decisão sobre em qual partido se filiar. Deverá aguardar chegar próximo do prazo legal para fazer isso, apostando em uma acomodação futura da situação no Congresso, principalmente após as eleições para as lideranças dessas casas em fevereiro”, diz.

    Ainda há muito tempo até 2022. O prazo para filiação partidária e residência eleitoral é de um ano antes da eleição, sendo que há a janela para mudança de partido que vai ocorrer em março ou abril daquele ano. O compasso de espera pode ser a alternativa mais cômoda para Bolsonaro agora. Mas o presidente sabe o que está por vir. E deve se mexer de forma definitiva após a eleição nas casas legislativas.

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