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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A nova fala alucinada de Bolsonaro no funeral da rainha Elizabeth II

Presidente envergonhou o Brasil, usando uma das mais importantes cerimônias fúnebres da História para fazer campanha eleitoral e atacar a democracia

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 set 2022, 14h17
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  • A 13 dias das eleições, em segundo lugar em todas as pesquisas e correndo o risco de perder no primeiro turno para Lula, o presidente Jair Bolsonaro tentou (finalmente) se comportar como um Presidente da República. Sim, apenas tentou, porque mais uma vez falhou na missão que lhe foi entregue em janeiro de 2019.

    Numa atitude coerente com a posição de um Chefe de Estado, Bolsonaro foi a Londres para o funeral da rainha Elizabeth II. A atitude foi correta, pena que – além de ser tarde demais para mostrar qualquer postura moderada -, o mandatário envergonhou o Brasil, usando uma das mais importantes cerimônias fúnebres da História para fazer campanha eleitoral.

    Deu vexame brigando com jornalistas, como de costume, foi um posto de gasolina mostrar que o combustível está mais caro lá do que aqui, mas esqueceu de dizer que o salário mínimo britânico é nove vezes maior que o brasileiro.

    Durante quase quatro anos, Bolsonaro mostrou diversas vezes que não está à altura do cargo. Esta foi mais uma vez.

    Além do vexame, o presidente mostrou novamente sua verdadeira face e desapreço pela democracia. Em entrevista ao SBT, colocou a lisura do processo eleitoral em dúvida e deu declarações que unem delírio e falta de respeito, agora com o seu próprio país.

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    “Pelas minhas andanças pelo Brasil, em especial nos últimos dois meses, se nós não ganharmos no primeiro turno, algo de anormal aconteceu dentro do TSE”, disse Bolsonaro.

    A fala é alucinada porque não faz sentido algum. Bolsonaro perde em todas os levantamentos e não aparece nem próximo de vencer a disputa em primeiro turno.

    É delírio também porque insinua que algo de anormal pode acontecer dentro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão respeitadíssimo e que coordena as eleições no país há anos sem nenhum indício de irregularidade.

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    Em outro momento da entrevista em solo britânico, o presidente ainda insinuou que está em primeiro lugar pelo “Datapovo”, como ele chama o apoio que recebe nas ruas.

    “Está bastante dividido, né, muito mais favorável a mim. Eu digo, se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE tendo em vista obviamente o ‘Datapovo’ que você mede pela quantidade de pessoas que não só vão nos meus eventos bem com nos recepcionam ao longo do percurso até chegar ao local do evento”, afirmou.

    A declaração é uma falta de respeito com os institutos que realizam pesquisas, que possuem metodologias testadas e aprovadas, e que trabalham de forma séria pelo Brasil afora.

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    Além de tudo, é um novo ataque ao TSE e a todos os profissionais que atuam na corte por eleições seguras, como servidores da Polícia Federal e a Abin, que unem esforços em todos os pleitos após a redemocratização.

    Uma tentativa de Bolsonaro de ser um verdadeiro presidente é surpreendente. As declarações absurdas, no entanto, não surpreendem ninguém.

    Enquanto o presidente mostra que não está pronto para aceitar uma derrota, ele emite declarações que induzem seus seguidores a duvidarem das urnas, incentiva a violência num cenário que cada vez mais provável e ainda usa o funeral da monarca de palanque.

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