Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Matheus Leitão

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

A cem dias do julgamento em Londres, vítimas de Mariana lançam manifesto

Em 7 de outubro, mineradoras Vale e BHP Billiton serão levadas a tribunal em Londres para responder por danos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 jun 2024, 15h03

A luta por justiça pelo crime socioambiental em Mariana (MG) entra em contagem regressiva para o início do julgamento das mineradoras Vale e BHP Billiton, em Londres. A exatos 100 dias da data marcada pela Corte britância – 7 de outubro –, as vítimas do desastre se organizam para colher assinaturas para uma carta-manifesto pedindo reparação justa para os atingidos, além da limpeza e restauração da vida do Rio Doce.

Com o mote “9 anos de impunidade, 100 dias para fazer justiça”, a campanha Revida Mariana, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), busca mobilizar sociedade civil, movimentos sociais, ativistas, organizações não-governamentais e a imprensa brasileira para acompanhar o caso de perto. Uma carta-manifesto está disponível no site da campanha, para reunir signatários em favor da causa.

“As mineradoras devem ser responsabilizadas pelos crimes ambientais cometidos em qualquer lugar e as corporações multinacionais não podem se esconder atrás de suas subsidiárias, da burocracia local ou de advogados caros”, defende o documento, que descreve o processo no Reino Unido como “divisor de águas” em relação a responsabilidade corporativa em nível global.

Cerca de 700 mil vítimas de Mariana participam da ação inglesa, entre indivíduos, comunidades indígenas e quilombolas, municípios, empresas, autarquias e instituições religiosas. A indenização é avaliada em R$ 230 bilhões e a previsão é que o julgamento dure 14 semanas.

Mobilizações no estado

Durante manifestação realizada na última quinta-feira, 27, em Governador Valadares (MG), Thiago Alves, da coordenação nacional do MAB, defendeu mais uma vez a importância da escuta dos atingidos nos acordos de repactuação. “O nosso dinheiro, o dinheiro dos atingidos, não pode ir para a mão dos governos. Não pode voltar para a mão das empresas. Tem que ir para as famílias atingidas por meio de programas investidos na nossa região, que gera emprego e renda, que revitalize o meio ambiente e que nos dê condições de desenvolver essa região”, disse.

O protesto, que aconteceu na porta da reunião do Comitê Interfederativo (CIF), que fiscaliza a Fundação Renova (criada pelas mineradoras para reparar os danos do crime), reuniu cerca de 150 pessoas atingidas. Essa foi a segunda mobilização do MAB esse mês para cobrar participação popular nas mesas de negociação para ressarcir municípios e pessoas atingidas pela tragédia.  

Continua após a publicidade

Além disso, o movimento luta para assegurar o direito das vítimas do crime socioambiental de buscar justiça em outros tribunais, após tentativas das mineradoras e do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) de impedir o processo judicial em Londres.

Inicialmente, as mineradoras solicitaram uma liminar em caráter de urgência para impedir a judicialização do caso em tribunais no exterior. No entanto, o pedido foi rejeitado pelo ministro Flávio Dino, que encaminhou a questão diretamente ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Assim, a ação será julgada por 10 dos 11 ministros da Corte, uma vez que Cristiano Zanin se declarou impedido de analisar o caso.

Leia a íntegra da carta do Revida Mariana:

‘Há quase 9 anos um crime vitimou um país inteiro. O maior desastre ambiental da história do Brasil matou um rio, soterrou comunidades inteiras e devastou mais de um milhão de vidas.

Os signatários desta carta pedem que a Vale e a BHP Billiton, responsáveis pela barragem e pela devastação sejam responsabilizadas pela Justiça, limpem o que sujaram, despoluam aquilo que contaminaram e indenizem adequadamente todas as vítimas.

Continua após a publicidade

Em 2015, um tsunami de lama tóxica rompeu de uma barragem de rejeitos de mineração no estado de Minas Gerais, Brasil. A lama tóxica destruiu uma cidade e um dos rios mais importantes do país, o Rio Doce. O Rio Doce e seus afluentes foram envenenados com metais pesados e outras substâncias perigosas. A pesca, a agricultura, a pecuária e o acesso à água potável foram totalmente inviabilizados. O acidente tirou 19 vidas, privou o acesso de milhões de pessoas a água potável e destruiu o modo de vida de incontáveis pessoas que viviam nas margens do rio.

O crime da barragem de Mariana também destruiu um modo de vida para as muitas comunidades indígenas brasileiras que vivem ao longo do rio e do litoral capixaba. Para elas, o rio era uma entidade viva, não apenas uma fonte de alimento, nutrição e identidade. Eles não têm mais um lugar que possam chamar de lar, nem uma terra que os sustente.

O processo judicial contra a BHP, iniciado no Reino Unido pelo escritório internacional de advocacia Pogust Goodhead, é um “divisor de águas” em termos de responsabilidade corporativa para o mundo. A existência desta ação que reúne 700 mil pessoas, 2 mil empresas e 46 municípios é um grito de denúncia demonstrando que as empresas continuam impunes.

As mineradoras devem ser responsabilizadas pelos crimes ambientais cometidos em qualquer lugar e as corporações multinacionais não podem se esconder atrás de suas subsidiárias, da burocracia local ou de advogados caros.

Continua após a publicidade

Já passou da hora da BHP e da Vale serem responsabilizadas e indenizem adequadamente os atingidos pela tragédia. O povo brasileiro quer justiça. Eles precisam ser ouvidos e reconhecidos pelas empresas que destruíram suas vidas.

NÓS CLAMAMOS POR:

1. Nós clamamos para que as mineradoras Vale e BHP, donas da barragem do Fundão em Mariana – indenizem adequadamente todas as vítimas, incluindo pelos danos contínuos na saúde sem quitações definitivas

2. Queremos ver a justa resolução dos casos relacionados ao desastre, no Brasil e no exterior.

3. Nós pedimos que as empresas responsáveis façam a limpeza e restauração da vida do Rio Doce e seus afluentes afetados, recuperação de nascentes, e retificação dos demais danos ambientais causados ao redor do rompimento da barragem.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.