É difícil de acreditar na cena em que o candidato do PSDB, José Luiz Datena, parte pra cima do adversário do PRTB, Pablo Marçal, após provocações, em plena transmissão ao vivo do debate feito pela TV Cultura. A imagem, que já deve estar rodando o mundo, virou um fato marcante na história da eleição brasileira. Ninguém mais vai esquecer. Depois da cadeirada dada no coach, Datena foi expulso. Marçal saiu de ambulância direto para o hospital.
A Polícia Civil abriu inquérito nesta segunda-feira, 16, para investigar se o apresentador cometeu crimes de lesão corporal e injúria contra o coach. A defesa de Datena também estuda entrar com uma ação por calúnia e difamação que teriam sido cometidas pelo candidato do PRTB.
Nos bastidores, o jornalista diz que se arrependeu. Mas oficialmente não. Em nota, admitiu o erro, mas disse que fez o necessário.
“Pablo Marçal demonstrou, em todas as situações a que teve oportunidade, sua falta de caráter. Demonstrou, ainda, que é uma ameaça à cidade de São Paulo. Será detido no voto. Mas, a despeito disso, precisava também ser contido com atos. Foi o que eu fiz.” A campanha de Datena afirmou que a sua candidatura está mantida.
Mais cedo, depois de deixar o hospital onde estava internado por causa das lesões, Marçal disse que vai pedir a cassação do tucano. O coach teve traumatismo no tórax e no punho, sem complicações associadas, segundo o hospital Sírio Libanês.
O fato é que estamos indo ao fundo do poço nessas eleições em São Paulo. Mal dá pra imaginar como será o debate desta terça-feira, 17, promovido pela Rede TV/UOL, no qual ambos confirmaram presença.
Internamente, a campanha de Datena não viu a repercussão do caso de forma tão negativa, acredita que a atitude do apresentador representou o que “muita gente tem vontade de fazer”, apesar de condenarem a violência. Isso pode até se converter em votos, disse um aliado à coluna.
Na saída do hospital, Marçal se mostrou indignado com a impunidade em relação a agressão que sofreu do jornalista e também com a falta de solidariedade dos demais candidatos.
“Se fosse alguém pobre, negro e de periferia que tivesse dado a cadeirada, certamente estaria preso. O mesmo aconteceria se tivesse sido eu. Não recebi solidariedade de nenhum dos candidatos, que ao contrário, enquanto eu era socorrido, continuaram com ofensas contra mim na minha ausência e me acusaram até de ter fugido do debate. Já levei muita pancada nessa vida e não vai ser uma cadeirada que vai me impedir de lutar pelo povo que também apanha todos os dias desses canalhas”, afirmou.