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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Por que a tentativa de golpe de Estado falhou, segundo a Polícia Federal

Inquérito aponta que falta de respaldo de chefes das Forças Armadas e do Alto Comando do Exército frustrou tentativa de prender Moraes após eleições de 2022

Por Bruno Caniato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 nov 2024, 19h18
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  • O plano de golpe de Estado arquitetado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fracassou, segundo a Polícia Federal, por falta de adesão dos chefes do Exército, da Aeronáutica e do Alto Comando do Exército. É o que conclui o relatório do inquérito divulgado nesta terça-feira, 26.

    A investigação aponta que o dia 15 de dezembro de 2022 foi data crítica para a frustração do plano. Na ocasião, militares que integravam a organização golpista prontificaram-se para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e aguardavam apenas o aval do presidente Jair Bolsonaro.

    Naquele dia, às 12h, Bolsonaro e Luiz Eduardo Ramos, então ministro da Secretaria Geral da Presidência, receberam no Palácio do Alvorada o comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes. O objetivo da reunião era garantir o apoio do chefe do Exército à conspiração — Freire Gomes, contudo, se recusou a participar do golpe.

    Às 12h19, Ramos recebeu de seu secretário-executivo, general Mario Fernandes, uma mensagem em áudio dizendo que aguardava que Bolsonaro “desse a ordem”, e que a expectativa era que Freire Gomes endossasse a decisão. “Força, Kid Preto. Se o senhor está com o presidente agora e ouvir a tempo, blinda ele contra qualquer desestímulo, qualquer assessoramento diferente”, pede Fernandes.

    Mensagem enviada por Mario Fernandes a Luiz Eduardo Ramos em 15 de dezembro de 2022.
    Mensagem enviada por Mario Fernandes a Luiz Eduardo Ramos em 15 de dezembro de 2022. (Reprodução/Polícia Federal)
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    ‘Só a Marinha quer guerra’

    O inquérito aponta que Bolsonaro desistiu de assinar o decreto de golpe após aquela reunião, diante da resistência expressada pelas Forças Armadas. “Apesar de todas as pressões realizadas, o general Freire Gomes e a maioria do Alto Comando do Exército mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final”, diz o relatório.

    Também em 15 de dezembro, ao longo do dia, Bolsonaro recebeu visitas no Alvorada de Mario Fernandes; do ministros da Defesa, Walter Braga Netto, e da Justiça, Anderson Torres; e do assessor especial da Presidência Filipe Martins. “Com isso, a ação clandestina para prender/executar o ministro Alexandre de Moraes foi abortada”, consta no inquérito.

    Conversas de WhatsApp entre o coronel Gustavo Gomes e o tenente-coronel Sérgio Cavaliere, ambos apontados pela PF como articuladores do golpe, indicam que a ocasião frustrou os planos da conspiração. “Infelizmente a Força Aérea afrouxou e o Exército agora também está afrouxando… só a Marinha quer guerra”, diz mensagem enviada por Gomes.

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    Conversa de WhatsApp entre o coronel Gustavo Gomes e o tenente-coronel Sérgio Cavaliere
    Conversa de WhatsApp entre o coronel Gustavo Gomes e o tenente-coronel Sérgio Cavaliere (Reprodução/Polícia Federal)

    Na sequência, Cavaliere envia um áudio em que diz que o “amigo lá da Presidência” — em referência a ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro — confirmou que o plano não avançaria, e expressou revolta com a decisão dos militares. “Eu vou fazer estrago em Brasília, já avisei até pra mulher, entendeu? Eu não vou passar um dia que não seja planejando um jeito de me vingar desses velhos covardes”, afirma Cavaliere.

    A mesma indignação é ressaltada pela PF em mensagem enviada pelo coronel George Hobert, então assessor do ministro Ramos, a Mario Fernandes. “Não é o Exército, é o Alto Comando se fechando em copas, pensando em primeiro lugar na instituição”, afirma o coronel.

     

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