Fortaleza: uma das eleições mais disputadas do país agora embolou de vez
Capitão Wagner liderava isolado as pesquisas, mas perdeu 7 pontos e agora empata com três concorrentes
A queda do líder das pesquisas e o crescimento de candidatos que estavam em posições intermediárias mostraram a força dos padrinhos políticos e do horário eleitoral e embolaram de vez a disputa pela prefeitura de Fortaleza, uma das mais concorridas do país neste ano. A pesquisa Quaest divulgada na quarta-feira, 11, aponta um empate técnico entre quatro candidatos com diferença absoluta de 6 pontos percentuais entre eles.
Segundo o levantamento, o candidato do União Brasil, Capitão Wagner, tem 24%; André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) têm 21% cada; o prefeito José Sarto (PDT), candidato à reeleição, marca 18%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Em um segundo bloco aparecem o senador Eduardo Girão (NOVO), com 2%, e Técio Nunes (PSOL) com 1%. Chico Malta (PCB), Zé Batista (PSTU) e George Lima (Solidariedade) não pontuaram.
Entre os entrevistados, 5% disseram estar indecisos e 7% afirmaram que pretendem votar em branco ou nulo. O instituto ouviu 900 eleitores entre os dias 8 e 10 de setembro. O nível de confiança é de 95%.
Cenário
O empate quádruplo mostrado na pesquisa foi motivado pela perda de 7 pontos percentuais do Capitão Wagner em 21 dias. Na pesquisa divulgada em 22 de agosto, o candidato do União Brasil registrava 31%. No mesmo período, André Fernandes e Evandro Leitão ganharam 7 pontos cada. Ambos cresceram de 14% para 21%. Já José Sarto perdeu 4 pontos, indo de 22% para 18%.
A pesquisa revela o poder de influência, na disputa pela capital cearense, dos padrinhos políticos que polarizam a política nacional e da exibição dos candidatos no horário eleitoral de rádio e TV. Leitão e Fernandes são apoiados, respectivamente, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, detêm os maiores tempo de rádio e TV. Leitão tem, ainda, o apoio de dois importantes caciques locais: o governador Elmano de Freitas e o ministro e ex-governador Camilo Santana, ambos do PT.
Com uma ampla aliança, que reúne oito partidos (PP, PSB, PSD, Republicanos, MDB, além da federação formada por PT, PCdoB e PV), Leitão dispõe, sozinho, de pouco mais da metade (5 minutos e 1 segundo) de cada bloco diário do horário eleitoral, de 10 minutos. André Fernandes tem 1 minuto e 58 segundos em cada bloco; Capitão Wagner, 1 minuto e 14 segundos; e José Sarto, 1 minuto e 1 segundo.
Sem padrinho político e com menos tempo de propaganda eleitoral que seus adversários diretos, Capitão Wagner aposta em agendas de rua e divulgação nas redes sociais para se manter competitivo. Candidato com o maior grau de conhecimento entre os eleitores, ele disputou todas as eleições desde 2010. Elegeu-se vereador, deputado estadual e federal, mas nunca venceu um pleito para o Executivo.
Em disputas anteriores, iniciou a corrida eleitoral liderando as pesquisas, como neste ano, mas foi perdendo intenções de voto durante a campanha. Nesta eleição, ele tenta se livrar da pecha de “cavalo paraguaio”, expressão usada no esporte para designar competidor que larga bem mas é superado pelos adversários durante a disputa.
Procurado, Capitão Wagner diz que ressalta a liderança nas pesquisas e o fato de vencer os demais concorrentes no segundo turno. “Sigo líder e trabalhando intensamente, porque a minha candidatura representa a mudança, melhoria na segurança e saúde”, disse o concorrente do União Brasil. “Sou o único candidato que vence em todos os cenários do segundo turno.”