Cid diz que ‘pessoal do agro’ esperou que fosse dado o golpe; veja vídeo
Revelação de ex-ajudante de ordem de Bolsonaro ocorreu durante um dos depoimentos da delação premiada

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid relatou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a angústia do “pessoal do agro” ao “esperar que fosse dado o golpe”. A revelação ocorreu durante um dos depoimentos da delação premiada, que foram registrados em vídeo, e liberadas nesta quinta-feira, 20, por Moraes.
No trecho, Cid é questionado sobre mensagens do tenente Aparecido Portela, amigo do ex-presidente Jair Bolsonaro desde os anos 1970 e suplente de senador pelo PL de Mato Grosso do Sul. No diálogo, Portela cobra Cid sobre um “churrasco”, que seria um codinome para o golpe de Estado.
Em um primeiro momento, o delator desconversa e diz que se tratava de uma pressão das pessoas que estavam em frente ao quartel, mas depois, após pressão de Moraes, relata que se tratava de financiadores do agronegócio que estavam ajudando a manter manifestantes acampados na entrada das unidades militares.
Segundo as mensagens interceptadas pela Polícia Federal, Portela disse em 26 de dezembro de 2022 que “o pessoal que colaborou com a carne está me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco”. O ajudante de ordens respondeu que era “ponto de honra” e explicou a conversa durante a delação.
“A pressão estava começando, ainda mais dele (tenente Portela), porque ele estava pressionado porque ele tinha contato com o pessoal do agro”, disse Cid.
Moraes pediu que constasse em ata que “Aparecido Portela estava cobrando a efetivação do golpe, pois, ao dizer ‘o pessoal que colaborou com a carne’, estava se referindo a pessoas do agronegócio que contribuíram financeiramente para a mobilização e manutenção de inúmeras pessoas na frente dos quarteis”.
No depoimento, Cid disse ainda que até aquele momento Bolsonaro nutria a esperança de que fosse encontrada alguma fraude nas urnas eletrônicas até o dia 31 de dezembro. Esse foi um dos motivos para o então presidente não desmobilizar as pessoas que estavam em frente aos quarteis.
Em novembro, Portela foi convocado pela Polícia Federal a prestar depoimento. A VEJA, o tenente havia dito que costuma fazer empréstimos “quando se aperta” e que não teria ganhado patrimônio nenhum. Ele não comentou sobre a suspeita de ser elo entre o agronegócio e os manifestantes.
Confira o vídeo