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Maílson da Nóbrega

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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Resultado do PIB diz muito pouco do mundo que está por ruir

Números mais desfavoráveis virão no segundo trimestre, quando a economia pode ter retração de dois dígitos; para 2020, a redução pode chegar a 8%, ou mais

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 29 Maio 2020, 09h45 - Publicado em 29 Maio 2020, 09h08

Tem importância relativamente pequena o resultado do PIB do primeiro trimestre de 2020, divulgado pelo IBGE, nesta sexta-feira, 29. Houve queda de 1,5% em relação ao quarto trimestre de 2019, em termos dessazonalizados. Comparativamente ao primeiro trimestre do ano passado, a queda foi de 0,3%. Cabe ressaltar que a influência da pandemia no PIB se deu em apenas uma parte da segunda quinzena de março, quando começaram a ser estabelecidas as regras de quarentena e o isolamento social. Assim, perto de 90% do resultado estiverem livres das consequências negativas da Covid-19. Dados mais recentes começam a refletir melhor a nova realidade. Por exemplo, em abril a queda na produção da indústria automobilística superou 90% a do mesmo mês de 2019. Produziu-se em um mês o equivalente a um dia de atividade em tempos normais.

Os dados do mercado de trabalho indicam a severidade da crise. Os números do Caged mostraram dois momentos, um antes e outro depois da pandemia. Em janeiro e fevereiro, houve geração de emprego, mas ocorreu uma forte reversão em março e abril. Nesses dois meses, viu-se perda líquida de 1,1 milhão de empregos, considerando admissões e demissões. Em março, foi de 260 mil postos a perda líquida de postos de trabalho, mas em abril o resultado negativo foi quatro vezes maior: 860 mil.

Não foi diferente a situação do mercado de trabalho divulgado pelo IBGE. A taxa de desemprego pouco variou, passando de 12,5% para 12,6%. Na realidade, esses números disfarçam uma piora maior do mercado de trabalho, pois a População Economicamente Ativa (PEA) caiu. Isso porque os trabalhadores demitidos levam algum tempo para procurar trabalho e, assim, reintegrar-se à PEA. Isso deve ter sido adicionalmente influenciado pelas dificuldades de locomoção a partir da segunda quinzena de março diante do isolamento social.

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Em resumo, os resultados mais graves devem aparecer na divulgação do segundo trimestre. Não será surpresa se o PIB experimentar, nesse período, a maior queda da história, da ordem de dois dígitos. Para o ano como um todo, as projeções têm sido sistematicamente revistas nas últimas semanas. Na mais recente pesquisa Focus do Banco Central, a estimativa média de queda do PIB para este ano foi 5,9%. Projeções mais recentes apontam redução de 7% a 10%. Dificilmente a retração ficará abaixo de 8%. O pior está por vir, infelizmente.

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