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Maílson da Nóbrega

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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

Os incentivos para Galípolo resistir a pressões políticas

O mais provável é que o novo presidente do BC resista. O tempo dirá

Por Maílson da Nóbrega 6 jan 2025, 14h12

A dúvida muito frequente entre economistas e participantes do mercado financeiro é se Gabriel Galípolo, o novo presidente do Banco Central (BC), resistirá às pressões do PT e de Lula em favor da redução da taxa Selic. Adianto que minha resposta à pergunta é sim.
Logo após os rumores de que ele seria o escolhido, a resposta era majoritariamente não. Argumentava-se que Galípolo comungaria das visões heterodoxas de um de seus mentores acadêmicos, Luiz Gonzaga Belluzzo.

Com o tempo, suas posições no Copom passaram a coincidir com as de seu antecessor, Roberto Campos Neto, salvo uma única vez. Suas declarações sinalizavam que se guiaria por decisões técnicas. Mesmo assim, as dúvidas continuaram, embora atenuadas. Mesmo quem ouve bons argumentos pró-Galípolo técnico ainda fica com um pé atrás. Esperam confirmação na primeira reunião do Copom sob seu comando. A meu ver, há quatro incentivos para ele resistir a pressões por decisão populista sobre a taxa Selic.

  • Primeiro incentivo: a percepção da relevância das expectativas na formação das projeções de inflação e da Selic. Mesmo que não soubesse disso, Galípolo aprendeu com o mergulho, a cada seis semanas, nas exposições dos competentes economistas do BC durante as reuniões do Copom. Ceder às pressões acarretaria forte desancoragem dessas expectativas, dificultando o trabalho de o BC cumprir metas de inflação. A credibilidade do BC, fundamental para coordena tais expectativas, iria pelo ralo.
  • Segundo incentivo: Galípolo muito provavelmente sabe do desastre da decisão do comitê liderado por Alexandre Tombini, que cedeu a pressões da ex-presidente Dilma e levou o Copom a reduzir a Selic, quando o mercado esperava uma alta. A consequência foi a alta da inflação e, mais tarde, o impeachment da Dilma. O BC perdeu credibilidade.
  • Terceiro incentivo: Galípolo sabe que o competente exercício do cargo costuma resultar, aqui e em outros países, em melhoria do patrimônio profissional. O titular do cargo se credencia para assumir posições de maior relevância no mercado financeiro ou na academia. Ceder a pressões seria destrutivo para sua reputação.
  • Quarto incentivo: o BC é autônomo por lei. Contrariar o presidente Lula e os petistas não ocasionará a demissão do cargo, que depende de decisão do Senado. A maioria conservadora da mais alta Casa do Congresso dificilmente aprovaria a proposta.

Só o teste da realidade pode confirmar ou não minha tese. O mais provável, todavia, será a resistência às pressões. O tempo dirá.

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