Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

Governo busca manobra fiscal perigosa

A ideia de isentar investimentos públicos do teto de gastos pode levar à perda de controle fiscal

Por Maílson da Nóbrega 21 jul 2020, 16h46 • Atualizado em 21 jul 2020, 16h49
  • Pedalada fiscal” foi a expressão que descrevia, no governo de Dilma Rousseff, a manobra para esconder a deterioração das contas públicas. Eram artifícios que buscavam dar um ar de normalidade a um grave desequilíbrio nas finanças federais, além de permitir a continuidade da expansão de gastos. Fabricavam-se lucros no BNDES para engordar os dividendos distribuídos à União. Bancos oficiais pagavam subsídios, mas não eram ressarcidos, evitando-se o seu registro na contabilidade pública. E por aí afora. A prática serviu de base ao processo de impeachment da presidente.

    De forma distinta, mas com objetivos semelhantes, o atual governo pode estar dando início a uma manobra perigosa para favorecer a elevação dos gastos da União. A Casa Civil estaria consultando o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a possibilidade de se realizar investimentos em infraestrutura mediante a utilização de créditos extraordinários previstos no chamado Orçamento de Guerra, que foi objeto de uma emenda constitucional. O objetivo foi o de permitir a realização de despesas voltadas para enfrentar os efeitos da pandemia, as quais foram excluídas do teto de gastos. Agora, se buscaria o guarda-chuva da emenda para amparar uma expansão fiscal temerária.

    De fato, diz-se que a medida abriria margem para investir R$ 35 bilhões em obras públicas com o objetivo de impulsionar a recuperação da economia no pós-pandemia. A consulta ao TCU teria decorrido de pressões do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

    A decisão da consulta foi adotada pela Junta de Execução Orçamentária (JEO), constituída dos ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, e da Economia, Paulo Guedes. Ou Guedes foi voto vencido ou concordou com a manobra, a qual poderá repercutir mal entre os agentes do mercado e avaliadores de risco. O sinal poderá ser o de que o governo recorre a artifícios para driblar a obrigatoriedade de cumprir o teto de gastos, que é a âncora fiscal do país.

    Continua após a publicidade

    Se o TCU vier a apoiar a interpretação do governo, estará aberto um canal para outras manobras, minando a credibilidade da gestão fiscal. Cabe lembrar que a manobra não altera a trajetória da relação dívida pública/PIB, que é o principal indicador de solvência do setor público e é acompanhado muito de perto pelos que avaliam o risco do Brasil.

    Trata-se, pois, de precedente para lá de perigoso.

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    SUPER BLACK FRIDAY

    Digital Completo

    O mercado não espera — e você também não pode!
    Com a Veja Negócios Digital , você tem acesso imediato às tendências, análises, estratégias e bastidores que movem a economia e os grandes negócios.
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
    SUPER BLACK FRIDAY

    Revista em Casa + Digital Completo

    Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
    De: R$ 26,90/mês
    A partir de R$ 9,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.