Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Como evitar a barganha das emendas parlamentares

Uma forma de eliminar a prática e introduzir maior seriedade ao Orçamento seria explicitar que o Orçamento é impositivo

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 25 Maio 2021, 13h58 - Publicado em 14 ago 2017, 11h18

Tornar o Orçamento autorizativo eliminaria a barganha com as emendas e constituiria ganho institucional e civilizatório

Maílson da Nóbrega

O governo utilizou a liberação de emendas parlamentares para assegurar votos favoráveis ao presidente Michel Temer quando do pedido de autorização para a abertura de processo no STF, baseado em denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Essa barganha foi interpretada como aumento de gastos em momento de crise fiscal, quando faltam recursos para emissão de passaportes, operação da Polícia Rodoviária e outros itens. Como mostrei neste espaço, essa era uma pós-verdade. Não correspondia à realidade.

De fato, pela Constituição, as emendas devem ser liberadas em algum momento do exercício fiscal, ao longo do ano. A barganha funciona quando o governo negocia com o parlamentar uma antecipação do empenho (procedimento prévio à liberação).

Continua após a publicidade

Isso tem acontecido desde que a Constituição de 1988 restabeleceu as emendas parlamentares (proibidas pelo regime militar). Desde então, a começar do governo Sarney, todos os presidentes usaram essa barganha para obter o apoio em favor de projetos de seu interesse.

Houve quem dissesse que a barganha seria aceitável em casos de políticas públicas, mas não no interesse pessoal do presidente. Trata-se de purismo irrealista. A barganha é parte do jogo político e, assim, existe para ser utilizada, independentemente de seu objetivo.

Barganhas políticas existem em outros países, inclusive naqueles dotados de instituições orçamentárias sólidas. Nos Estados Unidos, a barganha tem o nome de “pork barrel politics” e pode envolver variadas formas de negociação entre o presidente e o Congresso.

Aqui, as emendas parlamentares se tornaram o instrumento básico por causa da interpretação equivocada de que o Orçamento é autorizativo, isto é, o governo libera o que lhe der na telha, salvo os casos de despesas obrigatórias como as de pessoal, previdência, educação e saúde.

Continua após a publicidade

Tal interpretação não tem justificativa histórica nem institucional (o Orçamento é uma lei e não uma declaração de intenções). Infelizmente, é generalizada a aceitação dessa regra esdrúxula, tanto por analistas e jornalistas, quanto pelos próprios parlamentares.

Uma forma de eliminar a barganha das emendas e introduzir maior seriedade ao Orçamento seria explicitar, por emenda constitucional, que o Orçamento é impositivo. O texto constitucional já autoriza essa interpretação, mas valeria torná-la mandamento explícito.

Quando fosse necessário rever o Orçamento, por frustração de receitas ou por fatores que tornassem imperativa a realização de despesas adicionais, o governo proporia a competente revisão ao Congresso. É assim que ocorre nos países onde essa questão é levada a sério.

A medida tornaria a liberação automática, segundo cronograma tecnicamente estabelecido pelo Tesouro. Isso constituiria avanço institucional e ganho civilizatório.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

3 meses por 12,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.