Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

Austeridade funciona

Um bom exemplo é o da Grécia, escolhida “país do ano” em 2023

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 18 jul 2025, 16h52 - Publicado em 18 jul 2025, 06h00

Em discurso durante reunião do banco do Brics, no Rio de Janeiro (4/7/2025), o presidente Lula assinalou que “a chamada austeridade exigida pelas instituições financeiras levou os países a ficarem mais pobres porque, toda a vez que se faz austeridade, o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico”. “O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país”, pontificou. Não é verdade.

Ao contrário do afirmado, a austeridade está por trás dos países que dão certo. Ela se caracteriza por políticas de responsabilidade fiscal. O contrário — como hoje acontece no Brasil — eleva a percepção de risco do país e os juros futuros. Fica mais caro vender títulos públicos, o que eleva os encargos financeiros do Tesouro e piora a situação fiscal. É sinal de que algo está errado na economia.

Nesse caso, a economia passa a operar acima da capacidade produtiva. Isso aconteceu aqui com a expansão da atividade econômica derivada da elevação dos gastos públicos. A PEC da Transição e outras medidas — a volta dos reajustes reais do salário mínimo e o restabelecimento dos pisos de educação e saúde — impulsionaram os gastos, especialmente os previdenciários. Houve uma elevação de gastos de mais de 300 bilhões de reais. Como ocorre com iniciativas fiscais populistas, a economia se aqueceu pelos respectivos efeitos na demanda.

“A taxa Selic a 15% ao ano não é uma exigência de instituições financeiras, mas, sim, da realidade”

Em tais situações, a inflação sobe ou aumentam as importações. As duas coisas aconteceram. Como se sabe, a inflação prejudica os pobres. Por isso, para protegê-los da corrosão de sua renda e promover o equilíbrio macroeconômico, o Banco Central elevou a taxa Selic para 15%, o que favoreceu os ricos que investem poupanças em ativos de renda fixa. Tudo isso é obra do atual governo, e não da austeridade. Não é uma exigência de instituições financeiras, como afirmado, mas uma imposição da realidade.

Continua após a publicidade

Farras fiscais como as nossas costumam gerar crises de confiança, fugas de capitais para o exterior e redução do acesso do país aos mercados internacionais de crédito e de capitais. Quando isso ocorre, é preciso adotar medidas para reduzir a demanda interna. Para tanto, cortes de gastos são o instrumento eficaz que permite diminuir o déficit do balanço de pagamentos e as necessidades de financiamento externo.

Um bom exemplo é a crise financeira que atingiu a Grécia em 2009. Ela se viu obrigada a realizar um duro ajuste fiscal, obteve o apoio do FMI, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia. O esforço funcionou. A austeridade restabeleceu a confiança. Deu absolutamente certo. Com o sucesso do programa, a Grécia foi escolhida em 2023 como o “país do ano” pela revista The Economist por ter sido aquele cuja situação mais melhorou. Para a revista, “a firme ação da Grécia mostrou que, à beira do colapso, é possível agir com rigor, promover reformas econômicas sensatas, reconstruir o contrato social e exibir um contido patriotismo”. Um governo de centro foi eleito e reeleito. Ao concluir, afirmou: “Democratas de todo o mundo deveriam prestar atenção”. Os do Brasil também.

Publicado em VEJA de 18 de julho de 2025, edição nº 2953

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.

abrir rewarded popup