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Lillian Witte Fibe

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A debacle da lira turca e a sua poupança

Às portas da eleição mais incerta de todos os tempos, o Brasil amarga dois títulos: o maior risco político e o pior cenário fiscal de toda a América Latina

Por Lillian Witte Fibe Atualizado em 9 ago 2018, 18h42 - Publicado em 9 ago 2018, 18h09
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  • Há 21 anos, eu não tinha a menor ideia de qual era a moeda da Tailândia. Era julho de 1997, e estávamos entrando naquela que, depois, seria considerada a primeira crise financeira da era globalizada.
    A moeda se chama baht, e eu iria mencioná-la muitas vezes, por ter sido a origem de uma recessão que se alastrou para o sudeste asiático, de importantes parceiros comerciais do Brasil.
    Um ano depois, a Rússia, por problemas domésticos e específicos – porém, agravados pelo encolhimento dos vizinhos da Ásia -, decretou moratória.
    Depois do baht, tivemos, portanto, a crise do rublo, em agosto de 1998.
    Aos quatro anos de vida, o real começava a soluçar diante dos artifícios aplicados pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que fez de tudo pra se reeleger.
    Ele já tinha rifado as prometidas reformas estruturais, parte necessária do ainda incompleto Plano Real, para conseguir, no Congresso, a emenda constitucional que lhe daria direito à reeleição.
    Quando a Rússia se declarou insolvente, os problemas globais se agravaram.
    Os emergentes eram os primeiros da fila do sofrimento.
    Deu no que deu.
    Reeleito, Fernando Henrique fez a maxidesvalorização, trocou afobadamente presidentes de Banco Central, e, entre janeiro e março de 1999, amargamos uma alta do dólar de 47%.
    Tudo aos trancos e barrancos, e depois de muita montanha russa no mercado de câmbio.
    Corta pra agosto de 2018.
    Faltam menos de dois meses para as eleições mais malucas de todos os tempos.
    A primeira pós-Lava Jato.
    Depois de um impeachment traumático.
    Depois da pior recessão da nossa história.
    Imprevisível.
    Prato cheio pra volatilidade se apoderar dos mercados, cotações e taxas de juros.
    Neste momento, as preocupações mundiais, diante de um possível efeito dominó como tantos outros que já vimos nas últimas décadas, se voltam para a Turquia e sua lira, corroída por uma inflação de dois dígitos, e de onde o dinheiro foge freneticamente.
    A imprensa especializada europeia não esconde sua apreensão com os problemas por lá – inclusive, mas não só, pela estratégica localização do país entre a Europa e a Ásia e seu papel na OTAN.
    O presidente Recip Tayyip Erdogan forçou a barra constitucional para se reeleger, mergulha o país num ambiente de repressão e perseguição políticas, acaba de nomear o genro para o Ministério das Finanças e do Tesouro, e, de quebra, comprou, de uma semana pra cá, uma feroz briga diplomática com ninguém menos que Donald Trump, o presidente americano.
    A lira turca bate recorde de baixa. Já caiu mais de 30% este ano frente ao dólar.
    E tem mais.
    Na vizinha Rússia, o rublo é outra moeda que vem sendo abatida estes dias, embora de modo não tão intenso. As razões são diversas, mas também passam pelas sanções dos Estados Unidos.
    Vai daí que, nestes dois meses nervosos que precedem o primeiro turno de 7 de outubro, o Brasil não poderia nem deveria desprezar a sorte que lhe sorri, por ter em caixa reservas cambiais recordes.
    O CDS, termômetro do sentimento do investidor em relação aos perigos que corre (ou não) ao apostar no Brasil, subiu 43% este ano.
    Mas está em toleráveis 217,7 pontos.
    O CDS da Turquia, por exemplo, quase dobrou desde abril, e, no momento em que escrevo, passa dos 372 pontos.
    O dólar vem subindo frente ao nosso real?
    Vem.
    Já passamos, no entanto, por momentos bem mais nervosos do que este.
    Ainda assim, são tantos os problemas que nos rodeiam, que já somos lembrados como o maior risco político e o pior cenário de deterioração fiscal de toda a América Latina – segundo o diretor da agência de ratings Fitch, James McCormack, que falou esta semana em evento em São Paulo sobre nossas fragilidades.
    Dois títulos dos quais já tínhamos nos livrado faz tempo.
    Na esteira da maxidesvalorização de 1999, veio a óbvia desvalorização do dinheiro eventualmente poupado, um brutal encarecimento das dívidas de todo o tipo e uma pancada na carga tributária, que já não era baixa.
    Por tudo isso, procure fazer um estoque de camomila e maracujá.
    E torça pra que o ambiente se acalme na Eurásia.
    Assim, quem sabe, cheguemos à hora da verdade do dia primeiro de janeiro de 2019 com um colchão mínimo.
    Emocional e financeiro.

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