“Ele [um suspeito] tentou quebrar o vidro da viatura com um chute, ficou batendo o tempo todo. O que o ‘polícia’ faz? Abre um pouquinho [o porta-mala], pega o spray de pimenta e ataca. F…! É bom para c… A pessoa fica mansinha. Daqui a pouco eu só escutei assim: ‘Eu vou morrer!’. Aí eu fiquei com pena, cara. Eu abri, e disse: ‘Tortura!’ E fechei de novo.”
(Ronaldo Bandeira, agente da Polícia Rodoviária Federal, em video-aula de curso privado para preparação de policiais rodoviários. Ele alega ter fantasiado o caso —”é um exemplo fictício” — e diz ser contra a tortura. A PRF eliminou dos cursos de formação de agentes a instrução sobre proteção e garantia aos direitos humanos. Na quarta-feira, policiais rodoviários mataram Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Umbaúba, Sergipe. Em tratamento de esquizofrenia, ele foi detido à beira de uma rodovia, imobilizado, amarrado, trancado no porta-mala de um veículo de patrulha onde foi detonada uma granada de gás lacrimogêneo. Santos morreu por asfixia, segundo a perícia. A PRF justificou em nota pública: “Foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo”. E protegeu a identidade dos policiais.)