Alguns dos lançamentos mais promissores de 2023 continuam no horizonte, como Barbie e Oppenheimer, que estreiam agora em julho, mas, com metade do ano para trás e mais de cem títulos distribuídos às salas de cinema brasileiras, já é hora de fazer uma retrospectiva e eleger alguns dos melhores longas que passaram por aqui nos últimos seis meses. De filmes de ação bombásticos a dramas musicais, odisseias contemporâneas e cortes de cabelo, tem filme para todos os gostos. Confira a lista:
John Wick 4: Baba Yaga
Em sua quarta aventura, o herói interpretado por Keanu Reeves viaja o mundo para poder se livrar da Alta Cúpula, associação de criminosos que insiste em persegui-lo. A solução é enfrentar o vilão Marquês de Gramont (Bill Skarsgård) em um duelo, mas o algoz não mede esforços para evitar o confronto final, forçando o protagonista a passar por uma jornada de altos e baixos repleta de floreios visuais e cenários grandiosos que comunicam tudo que Wick, de poucas palavras, guarda para si. Muita ação e diálogos curtos marcam a superprodução que salta os olhos.
Os Fabelmans
Filme mais pessoal da carreira de Steven Spielberg, Os Fabelmans ficcionaliza a juventude do cineasta e o processo de divórcio de seus pais, interpretados por Paul Dano e Michelle Williams. Através do alterego Sammy (Gabriel LaBelle), o diretor retrata de forma delicada e tocante seus primeiros passos rumo às imagens em movimento, mas não esconde os custos pessoais de sua vocação artística, que o torna observador do mundo ao seu redor.
Mato Seco em Chamas
Dirigido por Adirley Queirós, de Branco Sai, Preto Fica, e pela portuguesa Joana Pimenta, Mato Seco em Chamas imagina uma comunidade na Ceilândia, região do Distrito Federal, onde um grupo de mulheres descobre dutos de petróleo e passa a produzir sua própria gasolina, que logo se torna moeda de troca entre quem ali mora. Premiada em festivais internacionais e brasileiros, a narrativa equilibra sua imaginação radical com linguagens documentais e comentários políticos aguçados.
Medusa Deluxe
Título da plataforma de streaming MUBI, dedicada a filmes de menor orçamento e maior variedade internacional, este suspense britânico extrai ótima comédia e performances marcantes de seu elenco através da história de uma competição de cabeleireiros de alto nível artístico, onde um dos profissionais é morto e escalpelado. Gravado em longos planos-sequência, o filme é regado a monólogos sagazes e nunca deixa a peteca cair, mantendo a tensão e fascínio por toda sua duração.
Beau Tem Medo
O terceiro longa de Ari Aster — um dos principais cineastas da produção jovem americana — extravasa toda a ambição de seu criador ao longo de quase três horas. Nele, o protagonista Beau (Joaquin Phoenix) deve viajar para a casa da mãe, mas tem que enfrentar sua ansiedade generalizada e um mundo de ponta cabeça para tal. Sua aventura passa por ruas caóticas, famílias perturbadas, perseguições de vida ou morte e até uma canção de Mariah Carey. O resultado é divisivo, mas único, e merece ser reconhecido como interessante em qualquer conversa sobre cinema em 2023.
Decisão de Partir
O mestre do mistério Park Chan-wook, de A Criada e Oldboy, mergulha nos clichês do film noir e em efeitos a lá Alfred Hitchcock em Decisão de Partir. No enredo, o detetive Jang (Park Hae-il) investiga a estranha morte de um alpinista, da qual a maior suspeita é a viúva Seo Rae (Tang Wei). A dinâmica de gato e rato entre policial e a femme fatale, porém, logo é subvertida pelo cineasta, que transforma o pastiche em uma desoladora tragédia romântica.
Medusa
Outro filme nacional de destaque é Medusa, de Anita Rocha da Silveira — recentemente convidada para a Academia do Oscar. A distopia jovem imagina um Brasil futuro, mas não distante, no qual um regime evangélico de extrema direita permite que Mariana (Mari Oliveira) e suas colegas de banda gospel perambulem mascaradas à noite em busca de hereges para punir — como em um cruzamento entre Uma Noite de Crime e As Patricinhas de Beverly Hills.
EO
Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o longa polaco-italiano acompanha a odisseia de um adorável burro nascido em um circo. Em suas idas através da Europa, ele observa diferentes tipos de pessoas e comportamentos — dos benevolentes aos cruéis — e até mesmo esbarra com a atriz Isabelle Huppert, lenda do cinema francês, que vive uma excêntrica matriarca em um estranho relacionamento com um jovem padre.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
Animado ao estilo das páginas de quadrinhos, Através do Aranhaverso conquistou a proeza de superar seu antecessor, o vencedor do Oscar de melhor animação de 2019, Homem-Aranha no Aranhaverso. Desta vez, o herói conhece o comitê de pessoas-aranha, responsável por manter o equilíbrio entre universos, mas uma nova ameaça faz com que seus colegas se voltem contra ele em mais uma divertida aventura colorida.
Tár
Melhor trabalho da carreira de Cate Blanchett — competição acirrada —, Tár se apoia inteiramente na atriz para retratar a queda da compositora e maestrina fictícia Lydia Tár, que enfrenta o escrutínio público após o suicídio de uma antiga pupila e alegações de má conduta sexual. Sua jornada rumo ao fundo do poço coloca em jogo o talento e intelecto da artista e revela suas piores e mais risíveis qualidades, a fazendo — literalmente — cair com a testa no chão neste drama pungente.