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Educação em evidência

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O mercado de trabalho consegue absorver 1,25 milhão de graduados por ano?

Neste post, damos continuidade à discussão sobre haver ou não um excesso de matrículas no ensino superior pela perspectiva da demanda do mercado de trabalho

Por João Batista Oliveira 27 jan 2022, 09h53

No post anterior desta série sobre a questão de haver ou não um excesso de matrículas no ensino superior, a análise foi feita a partir das perspectivas demográfica, de alocação de recursos entre gerações e da eficiência. Neste post, dando continuidade a essa discussão, vamos nos ater a uma outra perspectiva para avaliar o tamanho da oferta: a demanda do mercado de trabalho. O mercado de trabalho tem condições de absorver 1,25 milhão de graduados a cada ano? Tem condições de oferecer a eles ocupações e salários compatíveis com o seu nível de formação?

A resposta aqui é bem mais complexa. Fiquemos apenas com os dados do mercado formal. De acordo com a PNAD Contínua, no 3º trimestre de 2021, havia cerca de 47,5 milhões brasileiros atuando no mercado formal, dos quais 14,2 milhões (cerca de 30 %) possuem curso superior completo. E desse total, 5,5 milhões (39%) encontram-se em posições que poderiam ser ocupadas por egressos de ensino médio.

Se considerarmos que a economia formal tem capacidade de empregar pouco menos de 9 milhões de profissionais com ensino superior, a cada ano o Brasil poderia repor quase 15% da mão de obra – uma taxa de reposição obviamente absurda e desproporcional. Claro que nossa economia é frágil, superprotegida, pouco competitiva e com baixo nível de inovação tecnológica. Mas é a que temos.

A análise pode parecer simplista, pois todos sabemos que o mercado clama por profissionais qualificados. Qualquer empregador sabe disso – ou pelo menos diz isso por força do hábito. Analisar o perfil dos concluintes ajuda a entender melhor o descompasso entre a educação superior e mercado de trabalho.

Do total de 1,25 milhão de graduados em 2019, 40% se formaram em cursos de ciências sociais, administração e direito. Cerca de 254 mil (20%) se formaram em cursos de pedagogia ou magistério. Ou seja: 60% dos formandos se concentram em duas áreas, e desses, apenas os formandos em administração parecem ter mais chances no mercado de trabalho.

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O caso dos profissionais da educação é interessante: a cada ano são absorvidos em média 30 a 50 mil professores, mas formamos cinco vezes mais do que as redes de ensino podem absorver. Torna-se óbvio o descompasso entre as expectativas das pessoas e a realidade do mercado de trabalho.

Os dados aqui discutidos apontam para a existência de inúmeras distorções – especialmente de expectativas e de eficiência. Mas convém examinar interpretações alternativas.

Vamos continuar abordando esse assunto nos próximos posts.

Número de concluintes por área geral de formação – 2009 e 2019
Número de concluintes por área geral de formação entre 2009 e 2019 – (IDados/Divulgação)
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