A paleontologia tem o objetivo de olhar para o passado para decifrar a evolução do mundo animal. É como se cada fóssil ajudasse a completar um quebra cabeças. Uma dessas peças é o gato dente-de-sabre: há pelo menos dois séculos a ciência sabe sobre a sua existência, mas nunca foi encontrado um registro completo o suficiente para revelar detalhes de como eram esses animais – pelo menos até agora.
Na Rússia, um grupo de paleontólogos acaba de revelar a descoberta de um inédito espécime mumificado de um filhote desse animal. E os detalhes surpreendem: após 32 mil anos congelada, no local hoje conhecido como Sibéria, a cria tem até os pelos preservados.
Qual a importância dessa descoberta?
Os detalhes do animal mumificado foram descritos em um artigo publicado no periódico Scientific Reports. A espécie em questão é o Homotherium latidens, conhecido popularmente como tigre dente-de-sabre. “Pela primeira vez na história da paleontologia, foi estudado o surgimento de um mamífero extinto que não possui análogos na fauna moderna”, escrevem os autores.
Essa descoberta é importante porque, além de revelar a real aparência dessa espécie, ela também se soma ao raro registro de predadores. Isso acontece porque, por motivos ecológicos, presas são mais frequentes na natureza do que seus caçadores – e o dente-de-sabre estava no topo da cadeia alimentar da sua época. Além disso, encontrar fósseis preservados de filhotes é sempre um desafio.
Uma dúvida, no entanto, permanece. Ninguém sabe ao certo se os dentes do animal ficavam expostos – como acontece com a espécime de A Era do Gelo – ou se eles ficavam escondidos. A múmia encontrada agora mostra que os lábios superiores do animal são duas vezes maiores do que a de filhotes dos leões contemporâneos, mas como ainda não era um animal 100% desenvolvido, não é possível saber se, na vida adulta, os lábios continuarão grandes o suficientes para esconder o os longos dentes caninos.
Resta continuar procurando.