A transmissão de dengue, chikungunya, e Zika pelo mosquito Aedes aegypti é um problema de saúde pública que, todo ano, atinge o Brasil. Uma parceria da Fiocruz com a ONG World Mosquito Program (WMP) pode solucionar esse problema. As organizações construirão uma biofábrica que produzirá até 5 bilhões de mosquitos imunes a arboviroses por ano.
Esses mosquitos são infectados com uma bactéria do gênero Wolbachia, que os impede de transmitir os vírus causadores da dengue, da chikungunya, do zika e da febre amarela. Quando são liberados em locais onde o A. aegypti é endêmico, esses insetos protegidos se reproduzem com os mosquitos selvagens e passam o microrganismo para a prole, fazendo com que a transmissão dessas doenças reduza drasticamente.
A tecnologia desenvolvida em Melbourne, na Austrália, já foi implantada em 12 países e se mostrou segura para os mosquitos, para os humanos e para o meio ambiente. No Brasil, os testes começaram a ser realizados em 2014, quando os mosquitos infectados com a bactéria protetora foram liberados nas cidades de Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte, Campo Grande e Petrolina.
Em Niterói, uma das primeiras cidades onde esse experimento foi realizado, os casos de dengue, chikungunya e Zika reduziram em 76%, 56% e 37%, respectivamente. O método foi aprovado pela ANVISA em 2022, o que permitirá que instituições federais comprem e financiem a tecnologia.
A biofábrica deverá custar R$100 milhões, que serão pagos pela WMP e pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, e viabilizará a expansão desse método em todo o território nacional. Apesar do alto valor, espera-se que, dentro de alguns anos, as economias geradas pela redução de gastos médicos e afastamentos de trabalho cubram os custos da implementação.