A extinção dos dinossauros é um tema popular na paleontologia. Embora esteja cada vez mais concreto para os cientistas que o meteoro Chicxulub teve um papel crucial, o contexto em que isso ocorreu e o mecanismo exato que levou à extinção ainda estão por serem elucidados. Agora, um grupo internacional de cientistas traz uma nova peça para esse quebra-cabeça.
De acordo com um artigo publicado na Science Advances, uma atividade vulcânica que antecedeu o impacto do meteoro contribuiu para deixar o clima instável, o que pode ter facilitado a extinção em massa. “A nossa investigação demonstra que as condições climáticas eram quase certamente instáveis, com repetidos invernos vulcânicos que poderiam ter durado décadas, antes da extinção dos dinossauros”, diz o autor do artigo, Don Baker, em nota.
A descoberta foi feita a partir da análise de materiais do Basaltos de Decão, uma província indiana que se formou de uma erupção que expeliu mais de um milhão de metros cúbicos de rocha derretida. Através dessa investigação, os pesquisadores conseguiram descobrir que, cerca de 200 mil anos antes do impacto do Chicxulub, essa erupção massiva ejetou quantidades de enxofre e flúor na atmosfera suficientes para diminuir consideravelmente as temperaturas globais.
O que dizem os outros estudos?
Trabalhos anteriores apostavam no enxofre liberado pelo impacto do meteoro, além das cinzas emitidas pelos imensos incêndios que se espalharam pelos continentes. Um estudo recente também aponta que a poeira de sílica também teve um papel importante no bloqueio da entrada da luz solar.
A nova investigação não descarta as teorias anteriores. De acordo com os autores, a atividade vulcânica teria deixado o clima instável, o que facilitaria o estabelecimento do longo inverno causado pelo impacto. E ele não foi pequeno. Com base na cratera deixada na Península de Yucatán, no México, pesquisadores estimam que o impacto do Chicxulub foi equivalente a, pelo menos, 4,5 bilhões de bombas iguais à que dizimou Hiroshima.
A energia liberada no momento, certamente, apagou do mapa as espécies que viviam próximas a região, mas o bloqueio da luz e da fotossíntese foi o real causador da extinção que dizimou 75% de todas as espécies que viviam naquele momento.
Embora o evento tenha sido catastrófico para os dinossauros, ele permitiu a expansão dos mamíferos. Como boa parte dos répteis gigantes tinham dietas muito restritas, eles foram largamente afetados pelo bloqueio da fotossíntese, enquanto os animais com padrões alimentares mais diversos conseguiram se adaptar às situações mais extremas.
“Nosso trabalho ajuda a explicar esse significativo evento de extinção que levou ao surgimento dos mamíferos e à evolução de nossa espécie”, diz Baker.