Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Temer ataca Janot e sugere enriquecimento de ex-procurador

Em pronunciamento na TV, presidente diz que denúncia do procurador-geral é ‘ilação’ e lembra caso de auxiliar que foi trabalhar na JBS antes da delação

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 20h30 - Publicado em 27 jun 2017, 16h26
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Denunciado pelo crime de corrupção passiva ao Supremo Tribunal Federal (STF) a partir das delações premiadas do Grupo J&F, o presidente Michel Temer (PMDB) se manifestou nesta terça-feira sobre a acusação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra ele. Cercado de aliados no Palácio do Planalto, o primeiro presidente brasileiro a ser denunciado por corrupção no exercício do mandato fez um discurso forte contra Janot, em que afirmou “sem medo de errar” que a denúncia é uma “peça de ficção”, que sua “preocupação jurídica” com ela é “mínima” e só se pronunciaria em função da “repercussão política”.

    “Os senhores sabem que fui denunciado por corrupção passiva – corrupção passiva nesta altura da vida – sem jamais ter recebido valores em dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos, afinal é isso que vale. Onde estão as provas concretas de recebimento? Inexistem!”, declarou o peemedebista.

    Michel Temer também classificou a acusação apresentada ao Supremo como “ilação” e “trabalho trôpego”. “Examinando a denúncia, eu percebo e falo com conhecimento de causa que reinventaram o código penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação. Se alguém cometeu um crime e eu o conheço, e quem sabe tirei uma fotografia ao lado dele, logo a ilação é que eu também sou criminoso. Por isso, um precedente perigosíssimo em nosso Direito esse tipo de trabalho trôpego permite as mais variadas conclusões sobre pessoas de bem e honestas”, completou.

    Investigado pelos crimes de corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa no STF, Temer criticou a estratégia de Janot de desmembrar as denúncias contra ele. “As regras mais básicas da Constituição não podem ser jogadas no lixo, tripudiadas pela denúncia, que busca destruição e vingança. Ainda se fatiam denúncias para provocar fatos semanais contra o governo, para parar o país, parar o Congresso”, enumerou.

    Em um ataque direto a Rodrigo Janot, Temer comparou sua relação com o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de 500.000 reais da JBS e também denunciado pelo MPF, à relação entre o procurador-geral e o ex-procurador da República Marcello Miller, que deixou o Ministério Público Federal para ser advogado da JBS.

    Continua após a publicidade

    Michel Temer ressaltou que não faria “ilações”, mas sugeriu que uma conjectura possível, usando a mesma lógica empregada na denúncia, seria a de que os “milhões” recebidos por Miller não fossem somente para ele, “homem da mais estrita confiança do procurador geral”, como classificou o presidente.

    “Vocês sabem que a procuradoria tem uma quarentena, mas não houve quarentena nenhuma. Ele saiu e já foi trabalhar para essa empresa e ganhou, na verdade, milhões em poucos meses, o que talvez levaria décadas para poupar. Garantiu a seu novo patrão um acordo benevolente, uma delação que tira o seu patrão das garras da Justiça, gera impunidade nunca antes vista”, atacou Temer.

    Embora laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC), anexado ao inquérito da Polícia Federal que investiga Temer, tenha concluído que não houve edições na conversa gravada entre o presidente e o empresário Joesley Batista, mas apenas interrupções naturais no áudio, o peemedebista repisou o argumento de que o arquivo é invalido como prova no processo. “Quero lembrar que o fruto dessa conversa é prova ilícita, inválida para a Justiça (…) agora mesmo, na pesquisa feita seriamente pela Polícia Federal e seu instituto de criminalística, há cerca de 120 interrupções, o que torna a prova ilícita”, disse Michel Temer.

    Continua após a publicidade

    Em seu discurso, o presidente voltou a atacar Joesley, classificado por ele como “bandido confesso”, e os benefícios da delação premiada do empresário com a Procuradoria-Geral da República, “um prêmio de impunidade”, segundo Temer. “Eles conseguiram isso [gravações] porque foram treinados. Eu sei que criticam-me por ter recebido o empresário Joesley. Recebi, sim, o maior produtor de proteína animal do país, senão do mundo. É interessante que descobri o verdadeiro Joesley, bandido confesso, quando ele revelou os crimes que cometeu ao Ministério Público, sem nenhuma punição”, disparou.

    O que diz a denúncia

    Na denúncia contra Michel Temer e Rodrigo Rocha Loures, o procurador-geral da República sustenta que o presidente se valeu do cargo para receber para si, por intermédio de Rocha Loures, 500.000 reais em propina do Grupo J&F, valor combinado com o empresário Joesley Batista e entregue pelo diretor de relações institucionais da JBS Ricardo Saud em troca da resolução de um problema da empresa no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

    Em outra parte, Janot diz que Temer e Rodrigo Rocha Loures, “ainda aceitaram a promessa de vantagem indevida no montante de 38 milhões de reais”. O procurador-geral pede multa de 10 milhões de reais ao presidente e de 2 milhões de reis ao ex-assessor.

    Continua após a publicidade

    Além de denunciar o peemedebista, Janot pediu abertura de outro inquérito contra Michel Temer no STF para investigar se o Decreto dos Portos editado por ele em maio beneficiou a empresa de terminais portuários Rodrimar, que opera no Porto de Santos, tradicional área de influência política do presidente.

    Investigado no STF também pelos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa, Temer deve ser alvo de outras denúncias do procurador-geral da República ao Supremo. Caberá à Câmara, antes dos ministros da Corte, decidir se uma ação penal pode ser aberta contra o presidente, que será afastado do cargo por até 180 dias caso se torne réu.

    Veja como foi o pronunciamento de Temer no Planalto:

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.