Há exatamente um ano, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, do PSOL, e seu motorista, Anderson Gomes, foram executados a tiros por volta das 21h30 na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, centro da capital fluminense. A morte da parlamentar, defensora dos direitos humanos e de minorias, completa seu primeiro aniversário no aguardo da solução definitiva sobre o caso, que chocou o Brasil e o mundo.
Na última semana, as investigações mostraram avanços, com a operação que prendeu o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM, expulso da corporação, Elcio Vieira de Queiroz, suspeitos de serem os executores do crime. Lessa seria o autor dos disparos e Queiroz, o condutor do veículo.
Ambos têm histórico de suspeitas e já foram investigados em outras situações por indícios de ligação com a contravenção, o tráfico de drogas e as milícias. A prisão dos dois, no entanto, parece longe de encerrar a questão e as cobranças por Justiça: familiares e aliados políticos seguem cobrando explicações. Se quem matou pode estar resolvido, agora cobra-se saber quem mandou matar Marielle.
“É inaceitável que se demore um ano para termos alguma resposta. É um passo decisivo, mas o caso não está resolvido. É fundamental saber quem mandou matar e qual a motivação”, escreveu, em seu perfil no Twitter, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que era uma das pessoas politicamente mais próximas à ex-vereadora. Viúva de Marielle, a ativista Monica Benício foi na mesma linha: “Mais importante que a prisão de ratos mercenários é responder a questão mais urgente e necessária de todas: quem mandou matar Marielle? Espero não ter que aguardar mais um ano para saber quem foi o mandante disso tudo”.
Oficialmente, a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) fala em repulsa dos dois, Lessa e Queiroz, à atuação política de Marielle Franco, sem indicativos sobre mandante. A primeira expectativa, verbalizada pelo governador Wilson Witzel (PSC), foi frustrada dias depois: segundo advogados, os dois se dizem inocentes e, portanto, não cogitam fazer delação premiada para entregar possíveis outras pessoas envolvidas.
Responsável pela investigação até o momento, o delegado Giniton Lages, da Polícia Civil, diz que o inquérito “ainda está em aberto” e que novos suspeitos podem ser relacionados. Não sob a condução dele – Lages vai deixar a investigação e seguir rumo a um intercâmbio na Itália.
Em meio à cobrança de políticos, amigos, familiares e órgãos, como a Anistia Internacional, se apresentam dois obstáculos concretos à elucidação definitiva do caso: a dificuldade em manter um sigilo da investigação, visto que os dois acusados já sabiam que seriam presos antes mesmo da chamada da Polícia, e uma disputa por protagonismo entre policiais e promotores, que fizeram suas coletivas sobre o caso em locais separados.