Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Greve atinge todo o país, mas reúne pouca gente e tem confrontos

Movimentação contra as reformas da Previdência e trabalhista deixa cidades com cara de feriado e termina com governo e centrais sindicais cantando vitória

Por Da Redação
Atualizado em 28 abr 2017, 23h06 - Publicado em 28 abr 2017, 22h55

A greve geral convocada pelas centrais sindicais e movimentos de esquerda contra as reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) afetou todos os estados da federação, conseguiu deixar algumas capitais com cara de feriado, mas reuniu poucos manifestantes nas ruas, teve confrontos violentos no Rio e em São Paulo e terminou com os dois lados – governo e sindicatos – cantando vitória.

O efeito ‘cidade-fantasma’ em algumas capitais, como São Paulo, foi decorrência, principalmente, da adesão de motoristas de ônibus, trens e metrô, além de bloqueios em rodovias importantes do entorno da capital, que dificultaram a locomoção de trabalhadores.

Não há números confiáveis sobre a adesão. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, estimou em 40 milhões o número de trabalhadores que pararam, mas não explicou como chegou a este número. “O recado foi dado. O governo agora terá oportunidade de abrir negociações para fazer uma reforma justa e civilizada”, disse.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) não fez uma estimativa com números, mas seu presidente, Vagner Freitas, considerou a paralisação um sucesso. “Mostramos ao Temer que a população não concorda com as reformas”, disse. “E não para aqui. Vamos ocupar Brasília para que o Congresso não vote as reformas e vamos fazer mais greves se for necessário”, disse.

Continua após a publicidade

O governo viu diferente. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, afirmou que “não houve greve, mas uma baderna generalizada”, que foi coibida rapidamente pela polícia, que liberou bloqueios e piquetes que impediam que aqueles que não aderiram à greve se dirigissem aos locais de trabalho.

Sobre o impacto do protesto na tramitação das reformas, disse que o fracasso da manifestação ajuda o governo. “Num primeiro momento, eu acho que as consequências serão no sentido de fortalecer as reformas. porque, quando essas atitudes são tomadas, você cria dificuldades para que as pessoas se dirijam ao seu trabalho”, disse. “A reforma trabalhista veio para dizer ao trabalhador: você é livre para fazer o acordo que você queira.”

Em nota, Temer afirmou que as greves “ocorreram livremente em todo o país”, mas disse que o “trabalho em prol da modernização da legislação nacional continuará, com debate amplo e franco, realizado na arena adequada para essa discussão, que é o Congresso Nacional”.

Continua após a publicidade

Em ato no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, próximo à casa de Temer, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, um dos líderes do protesto, prometeu levar a manifestação ao Congresso. “Se não entenderem [as manifestações] vai ter convulsão social. Nós vamos tomar o Congresso, porque terra improdutiva tem que ser ocupada para ter função social”, afirmou no protesto.

Pelo país, havia pouca gente nas manifestações. O maior ato ocorreu no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, onde os organizadores disseram ter reunido 70 mil pessoas – a PM não fez estimativa. Mas foi neste ato que ocorreu um dos maiores tumultos da greve geral, com uma batalha campal entre policiais militares e manifestantes que tentaram chegar à casa de Temer no Alto de Pinheiros, um bairro de altíssimo padrão.

A PM impediu o acesso com bombas de gás lacrimogênio, bombas de efeito moral, balas de borracha e jatos de água. Os manifestantes responderam com paus, pedras e outros objetos atirados contra os policiais.

Continua após a publicidade

Para juntar o seu arsenal, os manifestantes arrancaram concretos de calçadas, quebraram placas de trânsito e retiraram pedaços de madeira de algumas casas. Também quebraram vidraças, agências bancárias e ao menos um restaurante.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, 36 manifestantes foram presos em todo o estado de São Paulo, sendo 21 na capital.

Rio

Outro confronto violento ocorreu no centro do Rio de Janeiro, com a PM e manifestantes usando o mesmo arsenal do enfrentamento em São Paulo – bombas de gás e balas de borracha do lado policial; paus, pedras e pedaços de madeira, além de barreiras de fogo nas vias.

Continua após a publicidade
Protestos no RJ durante a Greve Geral
Ônibus são queimados durante os protestos no Rio de Janeiro contra as reformas da previdência e trabalhista do governo Michel Temer – 28/04/2017 (Ricardo Moraes/Reuters)

O protesto ocorreu principalmente no entorno da Assembleia Legislativa do Rio e deixou o trânsito da região totalmente parado entre o final da tarde e o início da noite. Parte do comércio fechou as portas. Na Avenida Rio Branco, várias agências bancárias foram depredadas. Além de carros e lojas, pelo menos oito ônibus foram incendiados pelos manifestantes.

“Com esse tipo de ataque, os veículos – que não têm seguro (as seguradoras não fazem apólices para ônibus) – são inteiramente descartados”, disse em nota a Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro).

Continua após a publicidade

Em São José dos Campos, interior de São Paulo, um motorista foi preso após atropelar manifestantes que bloqueavam a marginal da rodovia Presidente Dutra. Duas jovens atingidas pelo veículo ficaram feridas e levadas pelos bombeiros a um pronto-socorro na cidade.

O motorista, que após ser parado, deu ré e avançou sobre o grupo para furar o bloqueio, foi perseguido na rodovia e detido por policiais rodoviários. Ele foi levado para uma delegacia da Polícia Civil, prestou depoimento e foi liberado.

Em Pernambuco, um motorista de uma Kombi atropelou e matou um motociclista ao tentar desviar de um bloqueio feito por manifestantes na BR-101, em Cabo de Santo Agostinho.

(Com Estadão Conteúdo, Reuters e Agência Brasil)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.