Todos os principais candidatos à presidência da Câmara dos Deputados receberam um telefonema do ex-presidente Jair Bolsonaro, avisando que só terão apoio dele e do PL, o seu partido, caso apoiem o projeto de lei que prevê anistia para os acusados de participar do 8 de Janeiro de 2023 em Brasília, quando as sedes do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal foram destruídas.
A maioria dos acusados foi condenada a penas e até 17 anos de cadeia em regime fechado. Bolsonaro costura pessoalmente o acordo para anistiar os presos, segundo um importante parlamentar do PL que conversou recentemente com o ex-presidente.
Alguns deputados da bancada bolsonarista confirmam abertamente que o voto no novo presidente da Câmara está condicionado ao compromisso de aprovar a anistia. “Para ter apoio da direita, o novo presidente da Câmara precisa apoiar a pauta do partido, que tem a anistia aos presos”, diz o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). “Não basta que o projeto passe aqui na Comissão de Constituição e Justiça, mas também precisamos do compromisso de que ele será pautado em plenário”, acrescenta.
Bolsonaristas costuram acordo com o candidato de Arthur Lira
As conversas mais recentes foram com o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que disputa a presidência da Câmara com o apoio do atual presidente, Arthur Lira (PP-AL). Na última quarta-feira, Lira reuniu representantes de nove partidos num almoço em Brasília. Um dos parlamentares que participaram foi Luciano Zucco (PL-RS). “O PL e a oposição enxergam na anistia um grande alicerce desse início de diálogo”, diz o parlamentar, ressaltando que o projeto já tem o apoio da maioria da Câmara. “Partidos como PL, Progressistas, Republicanos já sinalizaram que são positivos nesse sentido”, acrescentou.
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC), outra bolsonarista, também afirma que o apoio ao projeto é pré-condição para as conversas sobre a eleição para a Presidência da Câmara. “Nós não vamos nem começar a conversa com quem não declarar apoio a esse projeto”, ressalta.
Já o líder do PL, deputado Altineu Côrtes (RJ), prefere não condicionar a aprovação do projeto da anistia diretamente à votação para presidente da Câmara, mas diz que espera dos candidatos o compromisso com a principal bandeira da legenda. “O projeto da anistia é uma pauta do partido”, destaca ele. “O Hugo Motta é um cara que tem história, é ligado ao Ciro Nogueira, que é aliado nosso”, ressaltou.
Na última quarta-feira, deputados da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara adiaram a votação do projeto da anistia, marcado agora para outubro, após as eleições municipais.