Minutos após ser atingido em cheio por um ovo no cocoruto, na Praça Municipal de Salvador, João Doria Jr. fez aquilo que domina como nenhum outro colega. Colocou-se rapidamente em frente a uma câmera de celular e disse que esse tipo de agressão “é o caminho do Lula, do PT, das esquerdas”. O vídeo em sua página do Facebook (transmutada há tempos em reality show particular) atingiu 52 000 curtidas nas primeiras dezesseis horas, marca alta até para os padrões de seu movimentado perfil.
Ainda que esteja pregando para convertidos, Doria os encontra mais fervorosos ao se colocar como o anti-Lula, o anti-PT, anti-esquerda, anti-Venezuela, e por aí vai. Quando é atacado, só quem perde são seus concorrentes em 2018, a começar pelo padrinho Geraldo. É como no paradoxo de Jean Wyllys e Jair Bolsonaro, que se fortalecem em sua base a cada cusparada e ofensa que levam um do outro. Coisas de um país polarizado. A baixaria cresce e ganha todo mundo. O veneno vira antídoto; o ovo se torna ovação.