Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Lula: ideias velhas e perigosas

As estatais são de outros tempos. O teto de gastos é essencial

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 13h24 - Publicado em 6 nov 2021, 08h00

“O Estado fraco não serve para nada. É preciso ter um Estado que não só tenha capacidade de investimento, como tenha empresas públicas capazes de fazer investimento, que é o caso da Petrobras, dos Correios, da Eletrobras, da Caixa, do Banco do Brasil e do BNDES.” Assim falou Lula recentemente. Haja equívoco!

Lula e parte da esquerda brasileira não evoluem nesse campo. Empresas estatais — um fenômeno do século XIX — apareceram em situações excepcionais, cada vez mais raras. Sua inspiração inicial foi a prosperidade que a industrialização propiciou ao Reino Unido. Os países vizinhos resolveram imitá-­lo, mas não reuniam as condições que a viabilizaram.

Entre essas condições estavam bancos com capacidade de prover crédito, ferrovias para melhorar a eficiência dos transportes e um ambiente de negócios favorável à assunção de riscos. Eram “falhas de mercado” no linguajar dos economistas. Suprir tais deficiências é tarefa irrecusável do Estado. Por isso, surgiram bancos e ferrovias estatais na Europa continental.

No Japão, a restauração da dinastia Meiji (1867) abriu o país ao comércio internacional. Decidiu-se copiar o Ocidente em prol da industrialização. Visitas aos Estados Unidos e a países da Europa inspiraram a criação de estatais e até mudança no modo de vestir-se.

Continua após a publicidade

“Hoje, não existe razão estratégica para manter as nossas estatais, salvo onde haja falha de mercado”

Tão logo o setor privado se mostrou apto e as condições políticas permitiram, as estatais foram privatizadas. No Japão, isso começou ainda no século XIX; na Europa, a partir dos anos 1980. Estudos mostraram que tirá-las das mãos do Estado contribuiu para elevar o potencial de crescimento do emprego, da renda e da riqueza.

Aqui, o Banco do Brasil (BB) nasceu em 1808 para suprir uma falha de mercado diferente: a insuficiência de moeda para sustentar a expansão do comércio do Rio de Janeiro. Milhares de nobres e funcionários haviam chegado com a família real, acarretando forte elevação da demanda. A motivação básica da ideia não era o crédito. O BB foi organizado sob a forma de banco emissor de moeda — o terceiro do mundo — com base em um lastro de ouro e outros ativos.

Continua após a publicidade

As demais estatais surgiram da escassez de capitais e capacidade empresarial para atuar em áreas fundamentais na industrialização: mineração, siderurgia, crédito, energia, transportes e comunicações. Hoje, não existe razão de natureza estratégica para manter as nossas estatais, salvo onde haja falha de mercado, como é o caso do BNDES. As privatizações nas áreas de mineração, siderurgia, petroquímica, telecomunicações e bancos estaduais mostram sobejamente que o país ganhou com a medida.

O Brasil ficou melhor com a privatização. E tem muito a ganhar se as estatais citadas por Lula passarem ao controle privado. A capacidade de investimento aumentará, ao contrário do que Lula pensa. Ele também propõe o fim do teto de gastos. Equivaleria a um suicídio econômico caso ele retornasse ao poder. O ex-presidente faria bem se buscasse atualizar-se.

Publicado em VEJA de 10 de novembro de 2021, edição nº 2763

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.